Rio de Janeiro, Brasil, 11 Dez (Inforpress) – Chegou ao Brasil aos 38 anos, com o objectivo de “ser alguém” no mundo académico, e, em oito anos, fez uma especialização, um mestrado, deve concluir o doutoramento em 2021 e já publicou dois livros.
Trata-se de Arlindo Nascimento Rocha, 46 anos, santantonense da Ribeira Alta, que a Inforpress encontrou no Rio de Janeiro e que se assume, hoje, como pesquisador na área da Ciência da Religião.
Para além dos dois livros da sua autoria, colaborou numa outra obra, uma colectânea com vários pesquisadores, já publicou nove artigos em revistas académicas e está a trabalhar no seu terceiro livro, uma colectânea de breves ensaios sobre a Antropologia, Filosofia, Sociologia, tudo ligado à religião e que advém das suas pesquisas.
Mas o conto volta atrás, porque quando chegou ao Brasil, em 2012, Arlindo Rocha já tinha feito carreira na docência no Ensino Básico em São Vicente e em Santo Antão e concluído a licenciatura em Filosofia.
À Inforpress, disse que sempre foi um “aluno razoável”, ganhou prémios no Ensino Superior, de mérito na Uni-CV, em 2009, e bolsa de estudo, em 2010, em iniciação à investigação científica.
A vinda ao Brasil, contudo, tem por trás a actual mulher, Pirscila, brasileira, mestre em Filosofia, que conheceu em 2009, numa altura em que esteve no Brasil, não em tarefas académicas, mas ao serviço do teatro cabo-verdiano, como actor do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, convidado para o festival Feslip.
Arlindo Rocha lembra que no inicio “não foi nada fácil” no Brasil, já que sempre estudou em universidades particulares, e porque a bolsa não vem logo no início, então havia que custear as primeiras mensalidades, “que não são baratas”.
“Logo no início do mestrado vendi casa que tinha com meu irmão, carro e moto que tinha em São Vicente, ou seja, desfiz de muita coisa porque estava atrás de um sonho e não me arrependo porque que está justificado todo o sacrifício que estou a fazer”, concretizou.
Por isso, disse agradecer a Deus que sempre colocou no seu caminho pessoas que o souberam orientar e abriram as portas, para além, claro, do seu esforço pessoal, até porque na academia, sintetizou, sobretudo em pós-graduação, mestrado e doutoramento, “você vale por aquilo que vale”.
Arlindo Rocha ocupa-se ainda de divulgar tudo o que aprende na sala de aula, através das suas publicações em livros, em artigos e postagens nas redes sociais, onde possui quatro blogues.
No primeiro fala de Blase Pascal, que é o autor que investiga, num outro aborda temas da Ciência da Religião, Filosofia da Religião e Antropologia da Religião, num terceiro sobre vários temas ligados à Educação e ainda um quarto, que criou nos últimos meses, que designa de Oficina Académica, em que dá dicas para quem quer fazer um trabalho académico.
Questionado sobre como arranja tempo para se desmultiplicar nas múltiplas tarefas, o entrevistado da Inforpress respondeu que, na qualidade de bolsista a 100 por cento (%) da CAPS, instituição brasileira que fomenta e financia bolsas para quem quiser ingressar no ensino na pós-graduação, é pago para pesquisar e que tem que dar feedback à entidade financiadora.
Porque diz sentir-se, hoje, capacitado para trabalhar “em qualquer nível do sector da educação”, Arlindo Rocha sustentou que a intenção é regressar a Cabo Verde após a conclusão do doutoramento, porque a vontade e a necessidade apontam nesse sentido.
“Mas ninguém consegue prever o futuro, mas o desejo é esse até porque a minha mulher, que sempre me ajudou e me dá uma certa protecção, gosta muito de Cabo Verde”, precisou.
E o bichinho do teatro, questionamos: “Não morreu, até porque quando cheguei ao Brasil quis muito fazer teatro, tentei mas não deu certo, por isso o bichinho está adormecido, porque estabeleci como prioridade a vida académica”.
“Mas chegando a Cabo Verde, vou ter o meu retorno ao teatro, embora daqui acompanho o trabalho pessoal de São Vicente, do João Branco e a sua equipa, que aproveito para felicitar pelos 25 anos do Mindelact”, concluiu.
AA/JMV
Inforpress/Fim
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