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sexta-feira, 30 de maio de 2014

142 VÍDEOS SOBRE EDUCAÇÃO LEGENDADAS EM PORTUGUES

O TED reúne 142 vídeos sobre educação com legendas em português. São palestras inspiradoras de Ken Robinson, Sugata Mitra, Salman Khan, Bill Gates...

TED é uma associação sem fins lucrativos que visa à disseminação de boas ideias no mundo. Os TED Talks são as apresentações de especialistas, estudiosos, empresários, etc., que tenham algo de bom para mostrar.

Se você é professor e quer inovar na sala de aula, CLIQUE NO LINK E ASSISTA OS VÍDEOS SOBRE EDUCAÇÃO.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Dia da África, 25 de maio / Semana da África, 26-28 de maio.


 Dia da África ou a Semana da África, celebrado no dia 25 de maio ou de 26 a 28 de maio, é um evento anual promovido pelas Delegações Africanas Permanentes perante a UNESCO, que visa a aumentar a visibilidade da África, destacando a diversidade de seu patrimônio cultural e artístico.

No Brasil, o Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas celebra esse dia para promover o reconhecimento da importância da interseção da história e da cultura africana com a história e a cultura brasileira, buscando transformar as relações entre os diversos grupos étnico-raciais que formam o país.

Esta celebração é uma oportunidade para se organizar festividades culturais como, exposições artísticas, filmes, apresentações, exposições gastronômicas e noites de gala. É também uma ocasião para se organizar conferências e debates sobre várias questões importantes a respeito do continente africano e das influências desse continente na história e na cultura brasileira.

 Fonte
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/prizes-and-celebrations/africa-day-africa-week/

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Educar para transformar



O filósofo Mario Sergio Cortella fala das várias agruras da sociedade moderna sob a ótica da instituição escolar.


A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. A frase é de um dos maiores pensadores da pedagogia do Brasil e do mundo, Paulo Freire, falecido em 1997. Com sua saga para levar o ensino e a consciência crítica aos mais necessitados, ele serve de inspiração para uma geração de professores. Um de seus discípulos é o filósofo, autor de livros como a “A Escola e o Conhecimento” e “Não nascemos prontos”, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Educação (Currículo), Mario Sergio Cortella, de quem Freire foi orientador no mestrado.

Assim como Freire, Cortella enxerga na educação muitas saídas para problemas da sociedade. Porém, critica o fato de inúmeras famílias transferirem sua responsabilidade para as instituições escolares. Ele fala ainda da questão escola pública versus particular e como a educação está vinculada à ética, mídia, religião e tecnologia. Leia, a seguir, a entrevista com o filósofo.

Conhecimento Prático Filosofia – Há muito tempo, a escola deixou de lado sua função primeira de educar para assumir também o papel social. Dentro do contexto filosófico, qual o peso de cada instituição nessa formação?

Mario Sergio Cortella -
Outro dia, um pai de aluno me perguntou: “qual o senhor acha que deve ser o papel da família para colaborar com a educação dos nossos filhos na escola?”. Eu disse a ele, com todo o respeito, que havia um equívoco na formulação da questão, porque não cabe à família colaborar com a escola na educação, mas exatamente o contrário, é a escola que colabora, a família é responsável. A escola assumiu muitas tarefas nos últimos 20 anos, especialmente a escola pública, porque ela é parte da rede de proteção social e, por isso, desempenha tarefas do Estado, entre elas a proteção à vida, segurança e liberdade dos indivíduos. Por isso, cabe sim à escola oferecer educação para o trânsito, ecológica, sexual e até alimentar. Mas não cabe ao Estado, via escola pública, substituir a responsabilidade que a família tem, a menos que ela esteja em situação de descuido total. Cabe à instituição promover a autonomia, a solidariedade e a formação crítica, mas a responsabilidade principal continua sendo da família e ela não pode se eximir disso.

PARA LER A ENTREVISTA COMPLETA CLIQUE NO LINKE A SEGUIR: 



domingo, 18 de maio de 2014

O Regimento Escolar


O regimento escolar  é um conjunto de regras que definem a organização administrativa, didática, pedagógica, disciplinar da instituição, estabelecendo normas que deverão ser seguidas para na sua elaboração, como, por exemplo, os direitos e deveres de todos que convivem no ambiente. Define os objetivos da escola, os níveis de ensino que oferece e como ela opera. Dividindo as responsabilidades e atribuições de cada pessoa, evitando assim, que o gestor concentre todas as ordens, todo o trabalho em suas mãos, determinando o que cada um deve fazer e como deve fazer.

O Regimento deve surgir da reflexão que a escola tem sobre si mesma, porém, deve estar de acordo com a legislação e a ordem que é aplicada no país, estado e município. Ele é um o documento administrativo e normativo de uma unidade escolar que, fundamentado na proposta pedagógica e coordena o funcionamento da escola, regulamentando ações entre os representantes do processo educativo. Ele deve ser baseado em um texto referencial e em princípios democráticos, adotados pela Secretaria de Estado da Educação que são a base para promover a discussão, a reflexão e a tomada de decisão pelos membros da escola, buscando respostas às questões referentes ao processo de ensino e aprendizagem.
Toda instituição deve possuir um conjunto de normas e regras que regulem a suas propostas explicitadas em um documento que deve está disponível para a consulta de toda a comunidade escolar.

O momento de construção do Regimento Escolar deve propiciar o aperfeiçoamento da qualidade da educação, estabelecendo a responsabilidade de cada um dos segmentos que compõem a instituição escolar como forma de garantir o cumprimento de direitos e deveres da comunidade escolar.

Ele deve estar de acordo com uma proposta de gestão democrática, assim ele possibilitará a qualidade do ensino, fortalecendo a autonomia pedagógica e valorizando a participação da comunidade escolar que está representada através dos órgãos colegiados, como, por exemplo, o Conselho Escolar e o grêmio estudantil. Outro objetivo do Regimento é o cumprimento das ações educativas estabelecidas no Projeto Político-Pedagógico da escola.

A escola deve ser percebida como um espaço que favorece a discussão dos conhecimentos históricos acumulados pela sociedade. É através dessa construção coletiva que teremos uma organização capaz de efetivar uma educação de qualidade, gratuita e para todos, além de formar cidadãos críticos capazes de transformar a sua realidade. Dessa forma, podemos conclui que o Regimento Escolar é essencial para uma instituição escolar que busca a qualidade do ensino numa perspectiva democrática.

Referências bibliográficas:
LIBÂNEO, José  Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção possível. Campinas. Papirus, 1996.

Cortella: ‘A escola passou a ser vista como um espaço de salvação’

SÃO PAULO - As expectativas das famílias em relação às escolas e o que elas oferecem - ou são, de fato, capazes de ofertar - está em descompasso. De um lado, há adultos cada vez menos presentes, seja pelo excesso de trabalho, pelos longos deslocamentos nas megalópoles ou até pela falta de paciência, que esperam que a escola ensine o conteúdo obrigatório e eduque os seus filhos. Do outro, as instituições se desdobram para dar conta de uma infinidade de disciplinas regulares e ainda são cobradas a disciplinar os alunos e abordar temas considerados pertinentes. Tudo em quatro horas diárias.


As críticas são feitas pelo professor, educador e filósofo Mario Sergio Cortella, que lança nesta semana o livro Educação, Escola e Docência - Novos Tempos, Novas Atitudes. "As famílias estão confundindo escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família. Muitas vezes, o casal não consegue, com o tempo que dispõe, formar seus filhos e passa a tarefa ao professor, responsável por 35, 40 alunos."
Cortella, que há 16 anos não escreve livros na área educacional, fará dois lançamentos de Educação, Escola e Docência, ambos seguidos de palestras. O primeiro será para docentes, no dia 22, na feira Educar/Educador 2014, no Centro de Exposições Imigrantes. O segundo, para o público em geral, ocorrerá em 10 de junho, no Teatro Tuca, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
A seguir, Cortella fala sobre a necessidade de uma parceria entre escolas e famílias, o impacto da tecnologia e como tornar as aulas mais atraentes.

O senhor fala em métodos de ensino do século 19, docentes do século 20 e alunos do século 21. É possível resolver o descompasso?
A escola tem de ficar em estado de prontidão para acompanhar uma parcela das mudanças, que acontecem de forma extremamente veloz. Isso porque nem tudo o que vem do passado tem de ser levado adiante. A escola precisa distinguir o que vem do passado e deve ser protegido, ou seja, o que é tradicional, daquilo que precisa ser deixado para trás porque é arcaico. Autoridade docente, atenção ao conteúdo e formação de personalidade ética são valores tradicionais. A escola tem de estar atenta às mudanças tecnológicas, mas não se submeter a elas. Vou dar um exemplo. Imagine se em 2004, quando foi criado o Orkut, uma escola criasse um projeto pedagógico baseado nessa rede social. Como um projeto pedagógico demora 10, 12 anos para ser aplicado na sequência de seriação, hoje ele já estaria obsoleto. Já pensou se quando o pen drive foi lançado outra escola tivesse decidido que todos os alunos deveriam organizar seus materiais nesse formato, que, chegou-se a dizer, substituiria a mochila? Hoje, nenhum jovem usa pen drive: eles guardam tudo em nuvens. Portanto, o que digo é que a escola tem de ficar atenta ao novo, mas não ser refém.

Cada vez mais a aprendizagem ocorre fora do espaço escolar. O que é preciso fazer para conquistar o aluno quando tudo fora da escola parece mais interessante?
Vou te dizer uma coisa que parece óbvia: Ninguém deixa de se interessar por aquilo que interessa. Nós temos de saber o que interessa ao aluno para, a partir daí, chegar ao que é necessário. É preciso conhecer o universo circunstancial dos alunos: as músicas que eles estão ouvindo, o que estão assistindo de programas e vendo de desenho animado, para chegar à seleção do conteúdo científico necessário. Temos de partir do universo vivencial que o aluno carrega para chegar até aquilo que de fato é necessário acumular como cultura produzida pela humanidade. Hoje, a escola não pode ser extremamente abstrata, como no meu tempo. O conteúdo tem de ser conectado com o dia a dia.

O que as escolas precisam fazer para encantar as crianças?
É preciso incorporar o que elas já fazem. A geração anterior, de quem já tem mais de 30 anos, só se comunicava pelo telefone. Esta geração de crianças e jovens voltou a escrever - no Facebook, no Twitter, no WhatsApp, em blogs. A escola tem de aproveitar essa produção. Alguns até dirão que eles escrevem errado. Claro, todo mundo escreve errado antes de escrever certo. Podemos partir de uma escrita que não está no padrão para chegar à norma culta.

Conversando com pais e professores, a impressão é de que estão insatisfeitos. As famílias se queixam das escolas e as escolas, dos pais. O que acontece?
Antes de mais nada, não estamos diante do crime perfeito, em que só há vítimas. Temos autor também. E essa autoria é multifacetada. A escola foi soterrada nos últimos 30 anos com uma série de ocupações que ela não dá conta - e não dará. Em uma sociedade em que os adultos passaram a se ausentar da convivência com as crianças, seja por conta do excesso de trabalho, da distância nas megalópoles ou da falta de paciência para conviver com aqueles que têm menos idade, a escola ficou soterrada de tarefas. As famílias confundem escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família. Muitas vezes, o casal não consegue, com o tempo de que dispõe, formar seus filhos e passa a tarefa ao professor, responsável por uma classe de 35 ou 40 alunos, tendo de lidar com educação artística, religiosa, ecológica, sexual, para o trânsito, contra a droga, português, matemática, história, biologia, língua estrangeira moderna, etc, etc, etc. A escola passou a ser vista como um espaço de salvação.

E como resolver a questão?
A família precisa retomar o seu papel, porque ter filho dá trabalho. Ou será que as pessoas não sabiam? Existe tempo, aplicação, reordenamento, partilha das tarefas. A escola não tem como dar conta de tudo o que dela hoje se requisita. Quando há um linchamento, querem que a escola fale sobre linchamento. O mesmo ocorre com briga em estádios, corrupção, etc. E nem adianta o pai ou a mãe dizer: "A gente paga, a gente quer o serviço". É preciso uma parceria entre a escola e as famílias. Uma ideia é manter, como algumas instituições fazem, uma escola de pais, com reuniões periódicas para ajudar as famílias na reflexão.

De que maneira a convivência reduzida das famílias com os filhos afeta a escola?
Nunca tivemos tanta agressividade dos alunos contra os docentes. Parte das crianças fica sozinha, come se quiser, vai de perua para a escola e quase não encontra adultos. Se é de classe média, o único adulto que ela encontra é a empregada, para quem ela dá ordem. Não há uma estrutura da disciplina. O primeiro adulto que ela encontra no dia é o professor, que pergunta cadê o uniforme, você fez a tarefa, guarde o celular. Claro que nessa hora a criança vem para cima. É uma geração que confunde desejos com direitos. É preciso uma educação que seja mais firme, mas isso exige tempo, e tempo é questão de prioridade.

Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cortella-a-escola-passou-a-ser-vista-como-um-espaco-de-salvacao,1168058,0.htm

quinta-feira, 15 de maio de 2014

GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA

Antigamente a administração escolar era fragmentado, ou seja, cada um se responsabilizava apenas com a sua função, desconhecendo as demais dimensões educativas, a gestão democrática enfatiza a participação de todos os componentes da escola no processo educativo. Libâneo (2007, p. 308) afirma que:

Na maior parte das vezes, a realidade das escolas ainda é de isolamento do professor. Sua responsabilidade começa e termina em sala de aula. A mudança dessa situação pode ocorrer pela adoção de práticas participativas, em que os professores aprendam nas situações de trabalho, compartilhem com os colegas, conhecimentos, metodologias e dificuldades, discutam e tomem decisões sobre o projeto pedagógico curricular, sobre o currículo, sobre as relações sociais internas, sobre as práticas de avaliação.

 Práticas participativas que tornam a escola uma comunidade de aprendizagem, uma comunidade democrática, favorecendo o ensino e a reflexão, valorizando os elementos internos do processo educativo, tendo consciência de que cada elemento possui sua parcela de responsabilidade, individual, bem como a implicação do trabalho coletivo.

 Neste sentido Libâneo (2007, p. 326) destaca que.
 […] a gestão democrática, por um lado, é atividade coletiva que implica a participação e objetivos comuns, por outro, depende também de capacidades, responsabilidade individuais e de uma ação coordenada e controlada.

Sendo a escola, um ambiente social, formado por diferentes sujeitos, das mais variadas opiniões e comportamentos, é proveniente esclarecer que “uma escola democrática não é aquela em que todos fazem o querem, mas sim aquela em que todos fazem o que é bom para todos” (Oliveira, 2008, p. 98).

Nesta mesma linha de pensamento, Cury (2008 apud OLIVEIRA, 2008, p.17), compreende a Gestão democrática como principio da educação nacional, presença obrigatória em instituições escolares, é a forma não-violenta que faz com que a comunicação educacional se capacite para levar a termo um projeto pedagógico de qualidade e possa também gerar “cidadãos ativos” que participem da sociedade como profissionais compromissados e não ausentes de ações organizadas que questionam a invisibilidade do poder.

 Desta forma, fica clara a necessidade de mudanças urgentes na escola, para que esta possa formar cidadãos competentes e ativos. Neste sentido a educação exige esforços redobrados, e uma maior participação da comunidade no ambiente escolar, levando em conta que o mais importante não é somente o repasse de conteúdos específicos a fim de elevar o nível escolar, mas sim o preparo dos indivíduos para a sociedade e para exercício da cidadania.

 Ferreira (2008, p. 306), entende a gestão democrática como:  
[...] gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, é direção. Relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel. Constitui-se de princípios e práticas decorrentes que afirmam ou desafirmam os princípios que a geram. Este princípios, entretanto não são intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica, mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação se destina à promoção humana.
  
 Diferente da organização empresarial a escola deve considerar que o seu trabalho envolve diretamente o lado humano, e mesmo que o atual sistema necessite de mão de obra qualificada, a instituição não deve fugir do seu foco principal, ou seja, a construção da cidadania.  Dentre os autores que analisam a gestão educacional, Dourado (1998, apud FERREIRA, 2008, p.304), traz uma definição de Gestão educacional, que se torna proveniente enunciar.

[...] a gestão democrática é um processo de aprendizado e de luta política que não se circunscreve aos limites da prática educativa, mas vislumbra, nas especificidades dessa prática social e de sua relativa autonomia, a possibilidade de criação de canais de efetiva participação e de aprendizado do “jogo” democrático e, conseqüentemente, do repensar das estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais e, no seio dessas práticas educativas.
  
A participação é entendida como o principio primordial, para garantir, um pleno desenvolvimento da gestão democrática, como afirma Libâneo (2007, p. 328)

A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.

 Diante dessa afirmação, podemos comprovar que para a implementação da gestão escolar, é necessário a participação de todos os envolvidos na escola, bem como professores,funcionários e a própria comunidade, construindo assim uma escola mais competente e compromissada com a sociedade. O mesmo autor considera que a participação é um meio de alcançar os objetivos educacionais esperados, mas adverte que é necessária a combinação entre a participação e ação, para obter o resultado esperado.

 Dentro da gestão democrática, a participação é para todos, mas é necessário enunciar que o diretor possui um papel relevante dentro deste processo, pois a tomada de decisão é coletiva, porém a realização desta ação cabe ao diretor, o qual é o representante formal da instituição.

 A Gestão Democrática é considerada atualmente “uma das ou a melhor” forma de organização educacional, explorando a participação, democratizando seu ambiente e relevando todos os seus aspectos subjetivos.

A gestão democrático-participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo e aposta na construção coletiva dos objetivos e do funcionamento da escola, por meio da dinâmica intersubjetiva, do dialogo, o consenso. (LIBANEO, 2007, p. 344)

 Para tanto, a escola entende a Gestão Democrática, como uma forma de renovar seus princípios e fazer com que o processo educacional desenvolva-se da melhor maneira possível. Em qualquer instituição formada por diversos elementos, é necessária uma figura que detenha a liderança, que direcione o processo e que coordene a situação, por mais que se opte pela democracia.

 LIDERANÇA: relações de poder e autoridade
Compreendendo a liderança como “a capacidade de influenciar, motivar, integrar e organizar pessoas e grupos, a fim de trabalharem para a consecução de objetivos.” (LIBANEO, 2008, p.396), podemos concluir que na escola não é diferente. Formada por diversos elementos, a instituição necessita de um individuo que coordene o processo educativo, proponha sugestões, e exponha os problemas encontrados.
 Pode-se adotar a reflexão feita por Thurler (2001, p. 146), que entende que a liderança consiste em:

[...] propor óticas mobilizadoras; determinar os eixos de desenvolvimento; conceber as estratégias de mudança; preocupar-se com o que, chamamos de “apostas confusas” entre valores e crenças; estabelecer as condições necessárias para que o sentido da mudança possa ser construído, coletiva e interativamente; ao passo que a gestão, apanágio da autoridade formal, consiste em ocupar-se das tarefas terra a terra – indispensáveis – para fazerem um estabelecimento escolar “funcionar”.

 Configurando assim, princípios da Gestão Democrática, dotado de suas concepções e especificidades, aspectos os quais, são considerados como formadores da “liderança cooperativa”, a qual envolve a capacidade de comunicação e de relacionamento com as pessoas, princípios básicos para compreender as características sociais, culturais e psicológicas do grupo.

 Portanto, pode-se encarar a liderança como forma de trabalho coletivo, na qual é preciso saber escutar; saber expor com clareza suas idéias; capacidade organizativa (saber definir um problema, propor soluções, atribuir responsabilidades, coordenar o trabalho, acompanhar e avaliar a execução)14  Thurler (2001, p. 144), enfatiza a importância da adoção da liderança dentro do ambiente escolar, evidenciando que “Aceitando a liderança, também apOiam mais nuanças, rejeitam mais a burocracia e os “chefinhos”, fazendo diferenças de acordo com as fontes de legitimidade, os modos de exercício, o grau de controle democrático e o caráter reversível da liderança”. A liderança como meio de estrutura interna da escola, vem sendo teoricamente bem aceita, mas na prática, não é marcante sua popularidade no termo de implementação. Muitos entendem sua importância, seus benefícios, contudo sua rejeição ainda é notável. Isso se dá devido à falta de conhecimento de alguns profissionais da educação sobre o que é liderança, que ao desempenharem seu papel de líder acabam abusando do poder confundindo autoridade com autoritarismo.

 Na instituição escolar, há um grande bloqueio por parte de seus componentes, quando se fala em poder, essa idéia os remete a um pensamento negativo, entendendo-o como forma de repressão.

Na escola, a referência ao poder perturba. Ela remete, fantasticamente, à idéia da potência absoluta, da violência e, por via de conseqüência, à insubmissão, ao conflito, ao sofrimento, à avareza afetiva e mental (Dejours, 1993 apud THURLER, 2001, p. 145)

 O mesmo autor, ainda identifica as implicações de tal forma de negação ao poder, ocasiona nas atitudes dos professores e responsáveis da escola, afirmando que tal reação, “leva quase sempre os professores e os esponsáveis das escolas a recusar, ocultar ou tornar irrisória a palavra e a idéia de “poder”. No entanto, ele está bem presente na escola e produz sua quantidade de dominação, de conflitos, de violência surda e invisível. (THURLER, 2001, p. 145).

Os coordenadores desconhecem o principal objetivo da liderança, causando assim um desconforto no ambiente escolar. Liderar é conduzir é motivar, os liderados para que contribuam voluntariamente a fim de alcançar os objetivos em prol de um grupo ou uma organização, no entanto o poder ainda é visto como símbolo de autoritarismo e não de autoridade como deveria ser.

 Para tanto, torna-se evidente a posição de Ledesma e Nascimento (2008, 15p. 284) quando enuncia que “não existe poder, mas sim relações de poder”.  Relações de poder que podem vir carregadas de autoridade ou autoritarismo, relações baseadas em burocracias ou sob aspectos democráticos,

que visem a ampliação do desenvolvimento do processo educativo. Thurler (2001, p. 145) expõe que há a necessidade de se romper com concepções errôneas diante das relações educacionais.

 Mas como nossa história traz a burocracia como forma de organização, é difícil a aceitação por parte dos dirigentes, eles rejeitam a idéia de compartilhar autoridade, entendendo que esta será diminuída e a sua figura como o “chefe” da instituição será ofuscada.

Não é fácil aceitar a idéia de negociar e renegociar as relações de autoridade referindo-se mais aos objetivos comuns e às competências profissionais do que às hierarquias formais. (THURLER, 2001, p. 146)

 Ledesma e Nascimento (2008, p. 292- 293) alerta com os cuidados que se deve ter em relação à concepção de autoridade, tendo noção das conseqüências em abrir mão da autoridade dentro do ambiente escolar, pois na escola  

[...] a autoridade está revestida de autoritarismo e, conseqüentemente, impõe controles, força rotinas e mantém ordens que instituem a prática do conformismo, fazendo com que o poder pareça algo estático, onde uns o detêm e outros a ele se submetem.


 Nesse momento, torna-se oportuno a definição de autoridade, “direito ou poder de fazer-se obedecer dar ordens, tomar decisões, agir”. No âmbito escolar, tal definição é logo percebida, pois na escola, por outro lado o autoritarismo faz com que, as relações sejam baseadas em princípios de hierarquia, insubordinação, tendo o colega como um súdito, que deve obedecer as ordens
sem questionar. “O autoritarismo expresso na forma de organizar o trabalho, contido no regulamento, deixa clara a máxima de que disciplinar é domesticar.” (LEDESMA e NASCIMENTO, 2008, p. 295)16
Tornando assim, os educadores, como meros transmissores deSconhecimento, não possibilitando a auto-identificação como formadores de opiniões e de caráter. Portanto, uma forma democrática de organização escolar, abre caminhos para o verdadeiro exercício da democracia na sociedade. Formando cidadãos conscientes e ativos perante sua realidade.

Podemos concluir que com o atual contexto educacional fica evidente que o poder atribuído a alguns cargos de direção e/ou coordenação do trabalho pedagógico, acabam por influenciar as relações com os demais sujeitos no âmbito escolar, ou seja, professores e alunos, caracterizando na maioria das vezes, um ambiente hierárquico, onde as decisões e sugestões são desempenhadas apenas por sujeitos previamente escolhidos ou nomeados, que possuem o poder da decisão e da palavra, não aceitando ou até mesmo ignorando as sugestões dos demais interessados na escola. Isso faz com que professores e alunos, não tenham conhecimento sobre as contribuições e nem perceba as necessidades que a escola apresenta.
Fonte: 
http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcoloquio/eixo_04/E4-48.pdf
http://www.arturmotta.com/wp-content/uploads/2013/10/escola-e-paradigmas-de-gestao.pdf
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista/article/viewFile/616/499


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Tendências mundiais sobre a liberdade de expressão e o desenvolvimento de mídia: resumo executivo

Este é o resumo executivo do relatório "Tendências mundiais sobre a liberdade de expressão e o desenvolvimento de mídia". O ritmo das mudanças levanta questões sobre como promover a liberdade de expressão por meio das mídias impressas, de radiodifusão e da internet, e sobre como garantir a segurança dos jornalistas. Este relatório se baseia em uma rica variedade de pesquisas e não é prescritivo – ao contrário, ele transmite uma mensagem clara sobre a importância da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, em todas as plataformas. O estudo é dedicado a governos, organizações internacionais e regionais, sociedade civil, meio acadêmico, mídia e jornalistas de modo a contribuir para o entendimento do mundo em mudança, em um tempo em que a comunidade internacional está definindo uma nova agenda mundial de desenvolvimento sustentável, que deverá ser sustentada e dirigida pelos direitos humanos, com particular atenção à liberdade de expressão.

Brasília: UNESCO, 2014
Download gratuito:
Resumo em português (PDF)
Relatório completo em inglês (PDF)
Para solicitar cópias impressas do resumo em português, entre em contato com: grupoeditorial(at)unesco.org
FONTE: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/tendencias_mundiais_sobre_a_liberdade_de_expressao_e_o_desenvolvimento_de_midia_resumo_executivo/#.U20Iv4FdXko

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Educação, relações étnico-raciais e a Lei 10.639/03


A Lei nº 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio; o Parecer do CNE/CP 03/2004 que aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas; e a Resolução CNE/CP 01/2004, que detalha os direitos e as obrigações dos entes federados ante a implementação da lei compõem um conjunto de dispositivos legais considerados como indutores de uma política educacional voltada para a afirmação da diversidade cultural e da concretização de uma educação das relações étnico-raciais nas escolas, desencadeada a partir dos anos 2000. É nesse mesmo contexto que foi aprovado, em 2009, o Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (BRASIL, 2009).

O percurso de normatização decorrente da aprovação da Lei nº 10.639/03 deveria ser mais conhecido pelos educadores e educadoras das escolas públicas e privadas do país. Ele se insere em um processo de luta pela superação do racismo na sociedade brasileira e tem como protagonistas o Movimento Negro e os demais grupos e organizações partícipes da luta antirracista. Revela também uma inflexão na postura do Estado, ao pôr em prática iniciativas e práticas de ações afirmativas na educação básica brasileira, entendidas como uma forma de correção de desigualdades históricas que incidem sobre a população negra em nosso país.

É sabido o quanto a produção do conhecimento interferiu e ainda interfere na construção de representações sobre o negro brasileiro e, no contexto das relações de poder, tem informado políticas e práticas tanto conservadoras quanto emancipatórias no trato da questão étnico-racial e dos seus sujeitos. No início do século XXI, quando o Brasil revela avanços na implementação da democracia e na superação das desigualdades sociais e raciais, é também um dever democrático da educação escolar e das instituições públicas e privadas de ensino a execução de ações, projetos, práticas, novos desenhos curriculares e novas posturas pedagógicas que atendam ao preceito legal da educação como um direito social e incluam nesse o direito à diferença

As ações pedagógicas voltadas para o cumprimento da Lei nº 10.639/03 e suas formas de regulamentação se colocam nesse campo. A sanção de tal legislação significa uma mudança não só nas práticas e nas políticas, mas também no imaginário pedagógico e na sua relação com o diverso, aqui, neste caso, representado pelo segmento negro da população.

É nesse contexto que a referida lei pode ser entendida como uma medida de ação afirmativa. As ações afirmativas são políticas, projetos e práticas públicas e privadas que visam à superação de desigualdades que atingem historicamente determinados grupos sociais, a saber: negros, mulheres, homossexuais, indígenas, pessoas com deficiência, entre outros. Tais ações são passíveis de avaliação e têm caráter emergencial, sobretudo no momento em que entram em vigor. Elas podem ser realizadas por meio de cotas, projetos, leis, planos de ação, etc. (GOMES, 2001).

É importante desmistificar a ideia de que tais políticas só podem ser implementadas por meio da política de cotas e que, na educação, somente o ensino superior é passível de ações afirmativas. Tais políticas possuem caráter mais amplo, denso e profundo. Ao considerar essa dimensão, a Lei nº 10.639/03 pode ser interpretada como uma medida de ação afirmativa, uma vez que tem como objetivo afirmar o direito à diversidade étnico-racial na educação escolar, romper com o silenciamento sobre a realidade africana e afro-brasileira nos currículos e práticas escolares e afirmar a história, a memória e a identidade de crianças, adolescentes, jovens e adultos negros na educação básica e de seus familiares.

Ao introduzir a discussão sistemática das relações étnico-raciais e da história e cultura africanas e afro-brasileiras, essa legislação impulsiona mudanças significativas na escola básica brasileira, articulando o respeito e o reconhecimento à diversidade étnico-racial com a qualidade social da educação. Ela altera uma lei nacional e universal, a saber, a Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) –, incluindo e explicitando nesta que o cumprimento da educação enquanto direito social passa necessariamente pelo atendimento democrático da diversidade étnico-racial e por um posicionamento político de superação do racismo e das desigualdades raciais. É importante compreender, então, que a Lei nº 10.639/03 representa uma importante alteração da LDB, por isso, o seu cumprimento é obrigatório para todas as escolas e sistemas de ensino. Estamos falando, portanto, não de uma lei específica, mas, sim, da legislação que rege toda a educação nacional.

Por mais que ainda tenhamos resistência em relação ao teor dessa Lei que altera a LDB e suas Diretrizes Curriculares, e por mais que o seu cumprimento ainda esteja aquém do esperado, é preciso reconhecer que a sua aprovação tem causado impactos e inflexões na educação escolar brasileira, como: ações do MEC e dos sistemas de ensino no que se refere à formação de professores para a diversidade étnico-racial; novas perspectivas na pesquisa sobre relações raciais, no Brasil; visibilidade à produção de intelectuais negros sobre as relações raciais em nossa sociedade; inserção de docentes da educação básica e superior na temática africana e afro-brasileira; ampliação da consciência dos educadores de que a questão étnico-racial diz respeito a toda a sociedade brasileira, e não somente aos negros; e entendimento do trato pedagógico e democrático da questão étnico-racial como um direito.

Conquanto um preceito de caráter nacional, a Lei nº 10.639/03 se volta para a correção de uma desigualdade histórica que recai sobre um segmento populacional e étnico-racial específico, ou seja, os negros brasileiros. Ao fazer tal movimento, o Estado brasileiro, por meio de uma ação educacional, sai do lugar da neutralidade estatal diante dos efeitos nefastos do racismo na educação escolar e na produção do conhecimento e se coloca no lugar de um Estado democrático, que reconhece e respeita as diferenças étnico-raciais e sabe da importância da sua intervenção na mudança positiva dessa situação.

Espera-se que, ao longo dos anos, o caráter emergencial dessa medida de ação afirmativa dê lugar ao seu total enraizamento enquanto lei nacional, a ponto de passar a fazer parte do imaginário pedagógico e da política educacional brasileira, e não mais ser vista como uma legislação específica. Nesse caso, entendida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 10.639/03 poderá garantir aquilo que os defensores das ações afirmativas pleiteiam, ou melhor, que as políticas universais brasileiras incluam e garantam, de forma explícita, o direito à diferença.

As relações étnico-raciais

Todo esse processo e a própria existência da Lei nº 10.639/03 se localizam em um campo mais complexo e tenso, isto é, o contexto das relações étnico-raciais. Mas, afinal, o que queremos dizer com o termo "relações étnico-raciais" ao pensarmos em projetos, políticas e práticas voltadas para a implementação da Lei nº 10.639/03 enquanto uma alteração da Lei nº 9394/96 – LDB? São relações imersas na alteridade e construídas historicamente nos contextos de poder e das hierarquias raciais brasileiras, nos quais a raça opera como forma de classificação social, demarcação de diferenças e interpretação política e identitária. Trata-se, portanto, de relações construídas no processo histórico, social, político, econômico e cultural.

Mas o que queremos dizer com os conceitos raça e etnia quando os introduzimos na reflexão sobre as relações étnico-raciais? Nos limites deste artigo, destacaremos alguns aspectos considerados principais. O primeiro deles se refere à concepção de raça presente nesta reflexão.

Sociólogos, antropólogos, psicólogos sociais e educadores, bem como o Movimento Negro, quando usam o conceito de raça, não o fazem alicerçados na ideia de raças superiores e inferiores como originalmente foi usado pela ciência no século XIX. Pelo contrário, usam-no com uma nova interpretação que se baseia na dimensão social e política dele. E ainda o empregam porque a discriminação racial e o racismo existentes na sociedade brasileira se dão não apenas em razão dos aspectos culturais presentes na história e na vida dos descendentes de africanos, no Brasil e na diáspora, mas também graças à relação que se faz entre esses e os aspectos físicos observáveis na estética corporal desses sujeitos.

A forma como a raça opera em nossa sociedade possibilita, portanto, que militantes do Movimento Negro e um grupo de intelectuais não abandonem o conceito de raça para falar sobre a realidade do negro brasileiro, mas o adotem de maneira ressignificada. Nesse sentido, rejeitam o sentido biológico de raça, já que todos sabem e concordam com os avanços da ciência de que não existem raças humanas. O conceito de raça é adotado, nessa perspectiva, com um significado político e identitário construído com base na análise do tipo de racismo que existe no contexto brasileiro, as suas formas de superação e considerando as dimensões histórica e cultural a que esse processo complexo nos remete.

Autora: Por Nilma Lino Gomes