Pesquisar neste blogue

Traduzir para outras idiomas

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Pandemia da Covid-19: o debate sobre a obrigatoriedade ou não da vacina

 


"Nossos dias mais sombrios na batalha contra a Covid ainda estão por chegar, não os deixamos para trás. Por mais frustrante que seja ouvir isso, vamos precisar de paciência, persistência e determinação para derrotar este vírus" [JOE BIDEN].
Por: Arlindo Nascimento Rocha* 

O debate sobre a importância ou não das vacinas é uma questão antiga e sempre colocou grupos anti-e-pró-vacinação em lados opostos. No Brasil (Rio de janeiro) esse debate começou em 1904, quando o Estado lançou uma campanha de vacinação obrigatória para combater a varíola. Acredita-se que a polêmica tenha se instalado devido a dois pontos: a obrigatoriedade e a eficácia ou não das vacinas. Mas, é preciso referir, logo de partida que, mesmo entre médicos e especialistas, nunca houve consenso generalizado sobre a obrigatoriedade e a eficácia das mesmas. 

De qualquer forma, ao analisarmos os benefícios logrados à saúde pública nas últimas décadas, principalmente nos países em desenvolvimento, não há como negar que houve progressos visíveis através da erradicação e o controle de muitas doenças, através da imunização precoce de crianças e adolescentes. Ou seja, a massificação e a democratização das vacinas, certamente ajudaram a ‘salvar’ e a trazer qualidade de vida a todos nós. Mas, apesar disso, vozes inconformadas e barulhentas de uma minoria denominada ‘antivacinas’ tentam por diversas vias transmitir de forma equivocada informações distorcidas sobre a eficácia e a importância das mesmas, atitude que tem impactado negativamente as campanhas de vacinação pelo mundo afora. 

Esse movimento, segundo estudos recentes, tem contribuído para o (re)surgimento de algumas doenças julgadas como extintas ou controladas, pois, na ausência da imunização, crianças, adolescentes e jovens ficaram mais vulneráveis e susceptíveis a contraírem determinadas doenças. Contra os benefícios amplamente conhecidos, o movimento tem conquistado a simpatia de políticos, agentes públicos, influenciadores, etc. Por essa razão, teorias de conspiração e fake news têm cada vez mais feito eco no coração e na mente de muita gente. A isso, pode-se acrescentar ainda, outros factos que impactam negativamente as campanhas de vacinação como o extremismo/fundamentalismo religioso, a instabilidade política, o populismo e o 'negacionismo' crescente. 

Para quem nega a realidade e a importância das vacinas é salutar fazer um trabalho pedagógico, retornando aos primórdios para saber como estas surgiram. É imprescindível frisar que, o termo como conhecemos hoje, surgiu em 1789, graças ao cientista inglês, Edward Jenner (1749-1823). Seus estudos foram baseados em relatos que davam conta que trabalhadores rurais não pegavam varíola, pois já haviam tido a varíola bovina, de menor impacto. Baseado nesses relatos, introduziu os dois vírus em James Philipps (criança de oito anos) e percebeu que o rumor tinha de fato uma base científica. 

A partir do resultado obtido previu que, aplicando a experiência à população a doença, certamente, seria erradicada, o que veio a acontecer séculos depois, com a vacinação massiva das pessoas no mundo inteiro. O termo “vacina” deriva de ‘Variolae vaccinae’, nome científico dado à varíola bovina. A partir da experiência de Jenner, surgiram outras experiências cientificamente ainda mais eficazes. O francês Louis Pasteur (1822-1895) foi o responsável pelo desenvolvimento da segunda geração de vacinas, tendo criado a primeira vacina contra raiva (vacina antirrábica) e sugerido o termo para batizar a recém-criada substância, em homenagem a Jenner. Graças a eles, e com os avanços científicos, atualmente, podemos celebrar a existência de mais de 20 vacinas disponíveis para a imunização de várias doenças. 

Mas, com a Covid-19 e a polarização política crescente, bastante nociva ao combate do vírus, ressurge (de novo) a polêmica sobre a obrigatoriedade e a eficácia ou não das vacinas, numa época em que a pandemia já ceifou milhares de vidas, deixou famílias destroçadas, pessoas desempregadas e psicologicamente abaladas pela sucessão de eventos e restrições impostas a todos visando o bem comum. As medidas não farmacológicas como a higiene pessoal, o uso obrigatório de máscaras, o distanciamento social foram vistas, inicialmente, como as únicas formas de conter o avanço descontrolado da pandemia. 

Estes, em certos casos não se revelaram muito eficazes, pois, as pessoas continuam convivendo com outras pessoas, usando transportes lotados, viajando, frequentando bares, restaurantes, praias, festas, ou melhor, aglomerando. Esse vírus, como todos sabem, adora aglomerações! As pessoas a despeito de não poderem desfrutar da solidão dos seus apartamentos ou casas são facilmente atraídas pelo barulho, pela diversão e pelo tumultuo, tornando-se hospedeiros e presas fáceis para esse vírus que não olha e não escolhe a quem infectar. Infelizmente, muita gente aprendeu, não por amor, mas pela dor, o quão esse vírus é nocivo à saúde, principalmente dos mais vulneráveis. Quantas mais vidas serão sacrificadas? Quantas pessoas amigas, familiares, parceiros deixarão nossa convivência? Até quando??? 

No mundo inteiro, deu-se inicio a uma maratona investigativa cujo objetivo inicial era encontrar uma vacina, capaz de conter a pandemia, pois, ainda não existe nenhum remédio que provou ser eficaz no seu combate. Por isso, a brevidade com que os testes estão sendo realizados em diversos países, os resultados ainda provisórios e possíveis efeitos colaterais (pouco significativos) têm, apesar de tudo, merecido a desconfiança dos ‘negacionistas’ que vêm um mal real com a aplicação da vacina. 

Desconfiar, questionar ou problematizar são atos legítimos e até salutares. Porém, quando determinadas questões técnicas e científicas são julgadas na praça pública, muitas vezes por pessoas leigas, sem formação/informação, é preciso que haja, de facto, outros canais informativos capazes de esclarecer todas as dúvidas (ou parte delas), pois, com a massificação das mídias sociais, as fake news ganharam terreno, e, passaram a ser vistas como verdades irrefutáveis e absolutas. 

Diante de tanto sofrimento, precisamos confiar um pouco mais na ciência e nos cientistas, pois, o destino da humanidade, infelizmente ou felizmente encontra-se nas mãos deles. Certamente, não salvarão a humanidade, mas, evitarão que centenas de milhares de pessoas percam a vida, o bem mais precioso que foi emprestado a cada um de nós e que precisamos preservar. Muitos ficarão pelo caminho, pois, a ciência e os cientistas não são infalíveis. Por isso, precisamos fazer nossa parte facilitando o trabalho dos que estão na linha de frente, e incansavelmente pesquisam e estudam noite e dia. 

Atualmente a desconfiança na ciência e nos cientistas, possivelmente, alcançou níveis mais altos. Diante dessa situação somos todos chamados a dura realidade que é a preservação da vida. E mais, somos chamadas a proteger os mais frágeis, os mais vulneráveis, não pela obrigatoriedade de tomar uma vacina, mas, pela responsabilidade de saber que não vivemos numa ilha, isolados dos demais. Vivemos todos numa aldeia global, por isso, devemos pensar globalmente. Mas, não basta apenas pensar, é preciso agir, ou seja, a participação coletiva está condicionada a própria sobrevivência da humanidade. Pois, jamais fomos tão ameaçados. 

Em vários países já foi dada a largada para a vacinação da população em larga escala. Esse processo segue uma metodologia que determina ser vantajosa começar pelos mais vulneráveis, isto é, os idosos, os portadores de comorbidades, os profissionais de saúde, etc. Posteriormente, a campanha será ampliada a todos. No entanto, vários laboratórios recomendam que determinados grupos de pessoas não sejam vacinadas nessa primeira fase, pois, estas, não fizeram parte dos testes realizados, nomeadamente: pessoas alérgicas, crianças, adolescentes e gestantes. 

Os resultados obtidos são animadores, pois, os efeitos registrados até agora têm sido insignificantes, em comparação com o benefício que a vacina proporcionará às pessoas a curto prazo, visto que, na ausência de um medicamento, a vacina contra a Covid-19 é a principal arma. É preciso frisar que, apenas estamos no começo, e que, a possibilidade de vacinar 50% da população mundial levará, certamente, muitos meses, pois, tanto os laboratórios, assim como cada país, estado ou município precisa criar as condições logísticas e garantir que as normas e os procedimentos sejam criteriosamente seguidas, que os problemas de armazenamento e distribuição sejam resolvidos e que as pessoas possam voltar ao ‘novo normal’. 

Mas, nesse ‘novo normal’ precisaremos manter e reforçar todas as práticas que ajudaram a desacelerar o avanço da Covid-19, pois, as vacinas não garantem 100% de eficácia. Desta forma, não serão o ‘salvo-conduto’ que autorizará as pessoas deixarem de proteger a si e aos outros. Portanto, exige-se a todos uma mudança efetiva de comportamento, pois, o mundo pós-pandemia, jamais será o mesmo. É um imperativo que continuemos usando máscaras, o distanciamento social e a higienização constante, ou melhor, devemos continuar agindo como se a máxima da nossa ação devesse tornar-se, através da nossa vontade, uma lei universal, como defendeu Kant através do seu imperativo categórico. 

Desta forma, seremos nós próprios legisladores das nossas condutas, pois, se vivemos em comunidade, devemos agir em prol do bem comum e não individualmente. Logo, a liberdade do pensamento e ação individual, deve ter como pressuposto a busca de melhores soluções e alternativas de um futuro coletivo cada vez mais adequado a convivência harmoniosa entre todos. 

A Covid-19 nos chama a pensar e a agir em prol de uma sociedade mais sadia, mais justa, mais humana, onde o amor aos outros deve ser igual a nós mesmos, ou seja, a empatia é o fator chave para que nossa humanidade triunfe sobre a desumanidade reinante em diversos nichos da sociedade permeada pela liquidez das relações humanas onde tudo se deteriora em função de um individualismo que coloca cheque a coletividade. 

Para concluir, é preciso frisar que não se trata de fazer apologia à obrigatoriedade de tomar ou não a vacina, mas, fazer com que todos possam assumir suas responsabilidades tanto individuais assim como coletivas. A questão da obrigatoriedade, em minha opinião é secundária. Nesse sentido, desnecessário é, legislar sobre esse assunto, já que, naturalmente as pessoas, certamente, sentirão a necessidade de serem imunizadas, pois, os mecanismos de controle social exigirão que, em todos os casos as pessoas apresentem seus atestados de vacinação visando não colocar os outros em perigo eminente de contrair o vírus. Mais consciência coletiva e empatia, por favor! 

Rio de Janeiro, Brasil, aos 26/12/2020 
*Doutorando na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), bolsistas CAPPES – Brasil.

Publicado originalmente em: MINDEL INSITE

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A pandemia da Covid-19: necessidade de um novo Pacto Social

  

“O pacto social estabelece entre os cidadãos, uma tal igualdade que todos eles se comprometem sob as mesmas condições e devem gozar dos mesmos direitos” (ROUSSEAU).


Por: Arlindo Nascimento Rocha*


A velocidade com que tudo acontece atualmente no mundo inteiro e a forma com que estamos aprendendo a lidar com fatores internos e externos, nos colocou frente a frente com o desafio e a possibilidade de maior contacto com pessoas portadoras de valores, crenças e visão de mundo, absolutamente diferentes. Nenhum país é mais uma ‘ilha’ isolada nesse imenso planeta, nenhum cidadão jamais deveria ser refém de um sistema político, económico ou religioso. 

Diante dessa situação, novos problemas e novas soluções são deveras necessários para que, efetivamente, possamos continuar a conviver de forma pacífica nessa aldeia global, no qual fomos convidados a permanecer por algum tempo com a obrigação de conservá-la para as gerações vindouras, pois, tudo o que está a nossa disposição, não o herdamos dos nossos antepassados, mas, o pegamos emprestados dos nossos filhos e netos, por isso, nada mais justo que a protejamos. 

No mundo inteiro, fatores naturais, sociais, culturais, éticos e religiosos sempre despertaram no homem o sentimento de conflito, tanto interno, assim como externo, ou seja, a convivência com os outros nem sempre ocorreu de forma pacífica. Alguns desses fatores foram exacerbados ainda mais em períodos de guerras, desastres naturais e pandemias. 

Há cerca de 10 meses o mundo está sendo desafiado pela maior pandemia do séc. XXI que já ceifou milhares de vidas, destroçou várias famílias, destruiu muitos sonhos, inviabilizou negócios, investimentos, carreiras, eventos, faliu grandes e pequenas empresas, fez surgir novas oportunidades e desafios, enfim, mudou o mundo e as relações humanas. Mas, parece que continuamos vivendo numa ‘insociável sociabilidade’, como diria o Filósofo Immanuel Kant. 

A pandemia da Covid-19 que iniciou num mercado popular de Wuhan - China, rapidamente chegou a todas as partes do planeta terra. De um mercado ‘pobre’, viajou na primeira classe das grandes companhias aéras para países desenvolvidos e subdesenvolvidos. O vírus nos colocou frente a frente com as nossas contingências, fragilidades, inseguranças e medo, pois, afetou e continua afetando ricos, pobres, brancos, pretos, jovens, adultos, mas, sobretudo, pessoas com comorbidades e idosos, cuja taxa de mortalidade é a mais elevada. 

Por outro lado, obrigou-nos a refletir sobre nossas posturas em relação a tudo: a nós mesmos, a família, aos amigos, as entidades patronais, enfim, a sociedade como um todo. Sendo assim, cada um de nós tornou-se (co) responsável, não só por nós mesmos, mas, pelos outros. Cedo, percebemos que seria necessário medidas extremas para contornar a pandemia sem que houvesse muitas perdas humanas. 

Entre incertezas e decisões, nem sempre fáceis e assertivas, fomos obrigados a aprender com os erros e acertos dos que tinham em mãos o poder de decidir sobre o futuro da humanidade. Desde o uso flexível ao uso obrigatório das máscaras, do isolamento social vertical ao horizontal, e, finalmente, ao lockdown, da higiene comum, aprendemos, de facto, a higienizar com mais frequência as nossas mãos, nossas casas, carros, ambiente de trabalho, pois, fomos persuadidos que a solução, dependia, em grande parte, da nossa postura responsável como seres humanos. 

A despeito de alguma insensatez, muitos aprenderam de forma trágica que o vírus é o mais ‘democrático’ que os outros, pois, não olha a quem; outros, nem por isso, mas, precisamos perseverar, pois, o que nos distingue dos outros seres da natureza é a nossa capacidade da autorreflexão, autosuperação e autotransformação. Mas, para isso, precisamos urgentemente de um novo ‘Pacto Social’, pois, cada vez mais, somos obrigados a conviver com pessoas dos diversos nichos sociais, políticos e religiosos. 

Historicamente, o termo ‘Pacto Social’, que consagrou os princípios do Direito Político dos cidadãos é amplamente conhecido, pois, foi abordado na obra O Contrato Social do filósofo Jean-Jacques Rousseau, publicado pela primeira vez em 1762. É uma obra fundamental para a história da filosofia que marcou o ideário da Revolução Francesa, cujo lema foi Liberté, Egalité, Fraternité (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) entre os povos, o que conduziu a elaboração da noção do Estado Moderno e à universalização dos direitos sociais e a origem das liberdades e garantias individuais a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). 

Na obra Rousseau não qualifica o ‘Contrato’ como uma convenção (Lei) por meio da qual as pessoas seriam obrigadas a fazer, ou deixar de fazer determinada coisa, mas sim como um ‘pacto’ no sentido filosófico, incluindo compromissos recíprocos que resultam em convenções implícitas na vida em sociedade, ou seja, o respeito, a tolerância, a empatia e a solidariedade. Na visão rousseriana, os homens seriam bons e viveriam em paz. 

Desta forma, todos seriam irrepreensíveis em suas condutas, honestos, incorruptíveis, moralmente retos, sendo a sociedade que os tornam maus criando a diferença entre eles. Na prática, os homens deveriam ser capazes de seguir ipsis litteris o imperativo kantiano: “age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal”, em outras palavras, seria o mesmo que dizer: “ama a teu próximo como a ti mesmo”. Mas, infelizmente, a sociedade corrompeu seus membros. 

Diante disso, somos obrigados a questionar e a refletir, qual é a nossa posição na atual sociedade, cada vez mais corrupta, intolerante, racista, machista e xenófoba [...]. Por isso, sugerimos as seguintes questões: Atualmente, qual o elo que liga os componentes de uma sociedade? Qual ato funda a vida social de forma justa? Numa sociedade o que legitima os direitos iguais para todos? Ainda que não tenhamos respostas efetivas sobre questões tão complexas, começar a refletir sobre, já é um bom começo, pois, atualmente o que caracteriza nossas relações é a ausência de reflexão. 

Opinamos sobre tudo e todos, mas, não aprofundamos as questões, pois, nos contentamos com discursos superficiais, aforismos breves, notícias falsas (Fake News) e militamos muitas vezes, sem saber, em complôs que visam segmentar a sociedade com teorias de conspiração absurdas. Tornamo-nos Teletubbies das mídias sociais. Charles Peirce (pai da semiótica) não entenderia o porquê de ainda não sermos capazes de produzir nossos próprios pensamentos e imagens. 

Ao estabelecermos o novo pacto social, acredito eu, que ‘estaremos todos embarcados’, ou seja, comprometidos com o futuro da nossa civilização, pois, a Covid-19 nos está a mostrar que, se as pessoas não pensarem e agirem coletivamente, a sociedade corre sérios riscos. Certamente, não desaparecerá, mas, perderemos muitas pessoas queridas, amigos, familiares e até nós mesmos, pois, não somos e nem estamos imunes a nada. Por isso, em vez de optarmos pelo darwinismo social (sobrevivência dos mais aptos), somos todos chamados a proteger os ‘menos aptos’, ou seja, os mais frágeis e susceptíveis ao vírus e suas consequências. 

Por enquanto, o distanciamento social, o uso de máscaras, a higienização das mãos, são nossas únicas armas. A elas acrescenta-se a possibilidade de uma vacina que seja eficaz, não importando se será da China, dos Estados Unidos ou da Rússia, o que mais deveria importar é a garantia que o vírus possa ser aniquilado através da ciência e do conhecimento. 

Vozes contrárias (antivacinas) crescem a cada dia, a obrigatoriedade, ou não, entrou nas pautas políticas, mas, isso é o que menos deveria importar, pois, somos todos chamados a celebrar, de novo, o pacto social para a preservação da humanidade, ou seja, somos chamados a garantir e a proteger não só a nós mesmos, mas, a todos, sem exceção. Que possamos olhar para os outros com sentimento de gratidão, amizade, reconhecimento e amor a vida. Mais empatia, POR FAVOR! 

....................................................................................................................................

Para ver o texto CLIQUE AQUI

Rio de Janeiro, Brasil, aos 18/12/2020 

*Doutorando na Pontifícia Universidade católica de São Paulo (PUC-SP), bolsistas CAPPES – Brasil. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Críticas à religião - Marilena Chauí

 


As primeiras críticas à religião feitas no pensamento ocidental vieram dos filósofos pré-socráticos, que criticaram o politeísmo e o antropomorfismo. Em outras palavras, afirmaram que, do ponto de vista da razão, a pluralidade dos deuses é absurda, pois a essência da divindade é a plenitude infinita, não podendo haver senão uma potência divina.

Declararam também absurdo o antropomorfismo, uma vez que este reduz os deuses à condição de seres super-humanos, isto é, as qualidades da essência divina não podem confundir-se com as da natureza humana. Essas críticas foram retomadas e sistematizadas por Platão, Aristóteles e pelos estOicos.

Uma outra crítica à religião foi feita pelo grego Epicuro e retomada pelo latino Lucrécio. A religião, dizem eles, é fabulação ilusória, nascida do medo da morte e da Natureza. É superstição. No século XVII, o filósofo Espinosa retoma essa crítica, mas em lugar de começar pela religião, começa pela superstição. Os homens, diz ele, têm medo dos males e esperança de bens. Movidos pelas paixões (medo e esperança), não confiam em si mesmos nem nos conhecimentos racionais para evitar males e conseguir bens.

Passional ou irracionalmente, depositam males e bens em forças caprichosas, como a sorte e a fortuna, e as transformam em poderes que os governam arbitrariamente, instaurando a superstição. Para alimentá-la, criam a religião e esta, para conservar seu domínio sobre eles, institui o poder teológico-político. 

Nascida do medo supersticioso, a religião está a serviço da tirania, tanto mais forte quanto mais os homens forem deixados na ignorância da verdadeira natureza de Deus e das causas de todas as coisas. 

Essa diferença entre religião e verdadeiro conhecimento de Deus levou, no século XVIII, à idia de religião natural ou deísmo. Voltando-se contra a religião institucionalizada como poder eclesiástico e poder teológico-político, os filósofos da Ilustração afirmaram a existência de um Deus que é força e energia inteligente, imanente à Natureza, conhecido pela razão e contrário à superstição. 

Observamos, portanto, que as críticas à religião voltam-se contra dois de seus aspectos: o encantamento do mundo, considerado superstição; e o poder teológico-político institucional, considerado tirânico. 

No século XIX, o filósofo Feuerbach criticou a religião como alienação. Os seres humanos vivem, desde sempre, numa relação com a Natureza e, desde muito cedo, sentem necessidade de explicá-la, e o fazem analisando a origem das coisas, a regularidade dos acontecimentos naturais, a origem da vida, a causa da dor e da morte, a conservação do tempo passado na memória e a esperança de um tempo futuro. Para isso, criam os deuses. Dão-lhes forças e poderes que exprimem desejos humanos. Fazem-nos criadores da realidade. Pouco a pouco, passam a concebê-los como governantes da realidade, dotados de forças e poderes maiores do que os humanos. 

Nesse movimento, gradualmente, de geração a geração, os seres humanos se esquecem de que foram os criadores da divindade, invertem as posições e julgam-se criaturas dos deuses. Estes, cada vez mais, tornam-se seres onipotentes, oniscientes e distantes dos humanos, exigindo destes, culto, rito e obediência. Tornam-se transcendentes e passam a dominar a imaginação e a vida dos seres humanos. 

A alienação religiosa é esse longo processo pelo qual os homens não se reconhecem no produto de sua própria criação, transformando-o num outro (alienus), estranho, distante, poderoso e dominador. O domínio da criatura (deuses) sobre seus criadores (homens) é a alienação. 

A análise de Feuerbach foi retomada por Marx, de quem conhecemos a célebre expressão: “A religião é o ópio do povo”. Com essa afirmação, Marx pretende mostrar que a religião – referindo-se ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo, isto é, às religiões da salvação – amortece a combatividade dos oprimidos e explorados, porque lhes promete uma vida futura feliz. Na esperança de felicidade e justiça no outro mundo, os despossuídos, explorados e humilhados deixam de combater as causas de suas misérias neste mundo. 

Todavia, Marx fez uma outra afirmação que, em geral, não é lembrada. Disse ele que “a religião é lógica e enciclopédia popular, espírito de um mundo sem espírito”. Que significam essas palavras? 

Com elas, Marx procurou mostrar que a religião é uma forma de conhecimento e de explicação da realidade, usadas pelas classes populares – lógica e enciclopédia – para dar sentido às coisas, às relações sociais e políticas, encontrando significações – o espírito no mundo sem espírito -, que lhes permitem, periodicamente, lutar contra os poderes tirânicos. 

Marx tinha na lembrança as revoltas camponesas e populares durante a Reforma Protestante, bem como na Revolução Inglesa de 1644, na Revolução Francesa de 1789, e nos movimentos milenaristas que exprimiram, na Idade Média, e no início dos movimentos socialistas, a luta popular contra a injustiça social e política. 

Se por um lado na religião há a face opiácea do conformismo, há, por outro lado, a face combativa dos que usam o saber religioso contra as instituições legitimadas pelo poder teológico-político. 

Fonte:

CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. 12ª ed. – São Paulo: Editora Ática, 2002.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O que fazer antes da submissão de um artigo acadêmico?


Antes da submissão de um artigo acadêmico para uma Revista especializada é preciso levar em conta uma série de normas e procedimentos que devem ser seguidas ao pé da letra.

Portanto antes de submeter o artigo, leia as diretrizes para autores e para submissão de trabalhos da Revista, verifique absolutamente tudo antes de qualquer submissão, pois acredita-se que grande parte das reprovações deriva-se da não observância das diretrizes. 

Confira os seguintes itens antes da submissão:

Ortografia correta de título e nomes dos autores e filiação;

Uso correto da gramática. Erros comuns: uso de crase, excesso/falta de vírgulas, concordância, paralelismo;

Numeração das seções e subseções;

Numeração no texto concorda com a numeração usada em figuras e tabelas;

Imprima o artigo (no formato final de submissão) pelo menos uma vez para se certificar que texto, tabelas e figuras estão legíveis.

Verificar se referências cruzadas não foram perdidas dentro do editor. Uma boa ideia é fechar o editor de texto, abri-lo novamente, abrir o arquivo do artigo, e então verificar as referências cruzadas.

E finalmente, tenha certeza absoluta da data e do horário limites para submissão de trabalhos. Várias conferências estabelecem hora com o devido fuso horário. Cuidado para não se perder com horário de verão (outros países como os Estados Unidos também possuem horário de verão).

 FONTE: CLIQUE AQUI

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Não, ela não é louca

 Um homem rico entrou num bar em Miami. Assim que ele entrou, ele notou uma mulher africana (negra), sentada em um canto.

Ele foi até ao balcão, tirou a carteira e gritou: "Barman! Estou a comprar bebidas para todos neste bar, exceto para aquela mulher negra ali!"

O empregado do bar recolheu o dinheiro e começou a servir bebidas grátis a todos no bar, exceto para a mulher africana. Em vez de ficar chateada, a mulher negra simplesmente olhou para o tipo e gritou: "Obrigada!"Isto enfureceu o homem rico. 

Então, mais uma vez, ele tirou a carteira e gritou: "Empregado! Desta vez eu estou comprando garrafas de vinho e comida adicional para todos neste bar, exceto para aquela africana sentada ali no canto!" O garçom recolheu o dinheiro do homem e começou a servir comida grátis e vinho para todos no bar exceto para a africana. 

Quando o empregado acabou de servir a comida e as bebidas, a mulher africana simplesmente sorriu para o homem e disse: "Obrigada!" O que o deixou furioso. 

Então, ele inclinou-se sobre o balcão e perguntou ao barman: "O que há de errado com aquela mulher negra? Comprei comida e bebidas para todos neste bar, exceto para ela, e em vez de ficar zangada, ela senta-se ali, sorri para mim e grita: "Obrigada!" "Ela está louca?" 

O barman sorriu para o homem rico e disse: "Não, ela não é louca. Ela é a dona deste estabelecimento."  

Que os nossos inimigos trabalhem, sem saber. a nosso favor.

Fonte: CLIQUE AQUI 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Bloqueio na escrita...


A escrita de qualquer trabalho acadêmico (Monografia, Dissertação ou Tese) é um processo muitas vezes solitário e desgastante. Muitas vezes levamos horas a frente de um computador e não conseguimos produzir absolutamente nada. Isso pode prolongar por dias, semanas, [...] pois, nossa mente 'para de funcionar'. Essa falta de produtividade, pode muitas vezes, estar associado ao que é chamado de "bloqueio"...

Há muitos fatores que determinam o bloqueio na escrita. Os fatores internos dizem respeito às condições psicológicas em geral do(a) aluno (a); os externos compreendem notadamente as situações verificadas no processo de aprendizagem e no respetivo domínio do que se está pesquisando.

Para fazer uma boa escrita, o(a) aluno(a) deve estar em boas condições psicológicas, pedagógicas e materiais favoráveis. Caso contrário, o insucesso pode bater à porta...


Se esse é o seu caso, procure ajuda!

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O ESTOICISMO E O CETICISMO: AS DUAS VIAS FILOSÓFICAS PARA A CONSTRUÇÃO DO PARADOXO ENTRE GRANDEZA E MISÉRIA EM BLAISE PASCAL

Resumo 

Blaise Pascal é o filósofo do paradoxo, pois, para ele, a verdade é a reunião dos contrários. Em sua antropologia, o homem é analisado como um ser paradoxal, ao mesmo tempo grande e pequeno, fraco e forte, grande e mísero. Essas contradições estão presentes em todos os homens, mas, a maior parte dos filósofos ao longo da história do pensamento Ocidental enxergou apenas um dos lados, ou seja, baseou-se numa visão unilateral e limitada do homem. Este artigo tem como objetivo analisar as duas vias filosóficas, pelas quais Pascal constrói o paradoxo entre grandeza e miséria, como aspecto fundamental para o estudo e compreensão do homem. Para isso, ele se apoia especialmente em dois filósofos, Epiteto e Montaigne, mostrando que, a ‘verdade’ de cada corrente filosófica opera como desqualificadora da ‘verdade’ da outra. Mas, para Pascal a verdadeira compreensão do homem, está na reunião dessas duas dimensões contraditórias, ou seja, paradoxais. 

Palavras-chave: ser paradoxal; estoicismo e ceticismo; grandeza e miséria; paradoxo, compreensão do homem.

Para acessar o o artigo na íntegra, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Sobre o racismo e como quebrar paradigmas com educação e amor



Após a abolição da escravatura, a liberdade não significou igualdade. Sou branca e nunca tinha sofrido racismo, sempre procurei estudar para entender e ir além, lutar e fazer a diferença. Me apaixonei e casei por um preto e africano. O “e” é importante, pois soma, para o positivo e; também negativo, quando falamos ou escancaramos os preconceitos. 

Desse amor nasceu a linda Cecília Milagros, e antes mesmo dela nascer eu já tinha sentido e sofrido o racismo...Olhares, encaradas. Passei a reconhecer os seguranças das lojas, bancos, farmácias que para mim antes eram invisíveis, mas com meu marido ao lado, eles brotavam do chão. Cecília Milagros nasceu, e não só o amor materno aflorou, mas todos os medos que um dia nunca pensei que sentiria. Ela não era branca e o mundo não estava preparado para Ela. Não tive pânico, e sim muito amor como guia, e num átimo pensei: “Se o mundo não está preparado para Cecília Milagros, ela sim estará preparada para o mundo, e sua base será o amor” (Ao pensar isso JAMAIS IMAGINEI quantos pretos fossem morrer ao longo desses 5 anos, e de formas tão truculentas, hipócritas, cruéis, bárbaras). 

Não existem bons ou maus racismos- todo tipo de racismo é ruim – é preciso pensar nas especificidades da história que faz da desigualdade uma etiqueta internalizada e da discriminação um espaço não formalizado. 

Podemos achar que não somos racistas, mas um fenômeno do cérebro chamado “viés inconsciente” ou “viés cognitivo” (termo mais utilizado por neurocientistas) ou, preconceito implícito, é o que faz as pessoas disseminarem o racismo sem perceber. 

O viés inconsciente é um conjunto de estereótipos sociais, sutis e acidentais que todas as pessoas mantêm sobre diferentes grupos de pessoas. 

É o olhar automático para responder a situações e contextos para os quais você é treinado culturalmente, como uma programação do cérebro. Então se você tem um cérebro, tem viés inconsciente! E o racismo que imaginamos não é simplesmente o que vemos. 

Ele se reproduz também no invisível, no cotidiano, no que se faz e não se percebe, no viés inconsciente. Depois da abolição, o estado sofisticou mecanismos de exclusão, o que vivenciamos até hoje, e o pior aceitamos! E é por isso, que hoje resolvi escrever pois, o racismo se reproduz nessa estrutura de privilégios porque é dentro dela que o preconceito de cor exerce seu poder, criando obstáculos, por vezes ultrapassáveis, infelizmente. 

Mamie Phipps Clark em 1939 entregou sua dissertação de mestrado, intitulada “O desenvolvimento da consciência em crianças negras de idade pré-escolar” (alguns anos depois, ela se tornaria a primeira mulher negra a obter um doutorado em psicologia na Universidade Columbia). Depois, expandiu esse trabalho com experimentos mais sofisticados ao longo da década de 1940, que até os dias de hoje é reproduzido, e hoje realizamos com nossa filha Cecília Milagros.Clique aqui

O racismo do experimento mostra como o viés inconsciente é “ensinado” e “assimilado” mesmo antes de as crianças criarem juízo crítico sobre aspectos da vida e da sociedade, ou seja, antes mesmo de adquirirem a autonomia. 

VOCÊS QUE DIZEM QUE NÃO SÃO RACISTAS já pararam para pensar o que acontece com essas meninas(os) que crescem se identificando com “a boneca mais feia”? São excluídas, oportunidades são tiradas, angústias constantes e uma vida de autoproteção e autodefesa contínua, por medo. 

Os pretos têm medo, pelo simples fato de serem pretos. Eu tenho medo, medo de um dia Cecília Milagros sofrer racismo. Eu tenho medo! E tenho além do medo angústias por tantas vezes meu marido ter sofrido racismo, e nojo por todos meus amigos pretos que sofreram racismo. 

A formação da mentalidade das pessoas se dá com o que elas vêem, ouvem , sentem. VOCÊ QUE ESTÁ ME LENDO PODE DIZER QUE NÃO É RACISTA, NEM EM PENSAMENTO? Hoje eu sou antirracista, e para ser, falar e escrever isso eu tive que sentir o racismo (e cabe dizer que eu já me dizia não racista), não em mim, mas nas pessoas que mais amo nesse mundo! Lutem, façam a diferença! 

Ensinem seus filhos todos os dias que eles podem ser seres humanos melhores! Fazer a vida valer a pena e lutar por dias melhores não só para mim, meu marido ou filha, mas para todos! Mais vidas! 

Mais Amor!O segredo de tudo é a educação com amor, respeito e comprometimento! 

E para terminar além do medo, tenho orgulho, muito orgulho de Cecília Milagros, do meu marido e orgulho de ser antirracista! Vamos à luta, mindelevelmente! 

Dessa forma deixo Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. 

E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.” 

Priscilla Lundstedt Rocha - 07/06/2020






segunda-feira, 9 de março de 2020

O saber não ocupa espaço

Fui professor do Ensino Básico Integrado durante vários anos [1999-2012], e, durante esse período eu me contentava em pesquisar apenas os conteúdos para as minhas aulas. Hoje, vejo que poderia ter feito mais, pesquisado e lido muito mais. Tenho a plena consciência que no exercício da docência, a pesquisa é fundamental para quem escolheu essa profissão.

Aos que ainda não têm essa consciência está na hora de mudar. Pesquisar vai além do exigido para a elaboração de planos e ministração de aulas, pois, além de contribuir para melhorar a qualidade do nosso trabalho, também podemos contribuir para a divulgação do conhecimento, seja através de grupos de pesquisa, participação em eventos acadêmicos, resenhas, artigos acadêmicos/opinião, coautoria de livros e livros autorais.

O desafio é sair da mesmice, arriscar, romper paradigmas, crescer sempre...

segunda-feira, 2 de março de 2020

A ÁFRICA ESTÁ NA MODA?



Nos últimos anos, principalmente depois da Lei 10.639/03, o ensino da história e da cultura afro-brasileira tornou-se obrigatório. Além disso, tema Cult., bastante debatido em jantares inteligentes "frequentados por psicanalistas, artistas plásticos, músicos, atores, jornalistas, publicitários, médicos, produtores, 'videomakers', antropólogos, sociólogos, historiadores, filósofos". Essa passagem do Pondé, é uma crítica explícita aos que se julgam entendedores de 'tudo' inclusive da cultura Africana, sem nunca terem pisado em suas terras ou lido um autor que seja (exceções a parte).


Nas redes sociais, abundam ofertas de cursos de graduação e pós-graduação presencial e à distância. Quanto a isso, ainda que, com algumas ressalvas pode-se dizer que é um aspeto positivo, embora seja preciso ter algumas cautelas, pois, a sabedoria popular já nos alerta que, 'nem tudo o que bilha é ouro' e "nem todos os que vagueiam estão perdidos" [Baggins].

Paralelamente, cresce o número exacerbado de 'facebookianos' especialistas em cultura africana ávidos por comentar, defender, acusar, partilhar informações, fatos e acontecimentos que muitas vezes carecem de uma apuração além dos meros títulos, por vezes sensacionalistas. Estes últimos são os que rendem comoções generalizadas, de fatos e acontecimentos [por vezes, verdadeiros], mas, que de forma alguma representam a realidade do continente como um todo.

Esses autoproclamados especialistas e participantes assíduos de 'jantares inteligentes' cometem principalmente QUATRO tipos de erros:

1. Confundir a África como um país;[Obs:. O continente é formado por 54 países,com mais de 30 milhões de km2, mais de 1300 idiomas. É o terceiro continente mais extenso, e segundo mais populoso do planeta].

2. Basear em informações de pessoas que estão 'demasiadamente envolvidas' com questões políticas, ideológicas, econômicas, religiosas, morais etc. A estes falta o devido distanciamento.

3. Basear em informações de pessoas que estão demasiadamente longe, e que por vezes não fazem a mínima ideia da realidade dos fatos e acontecimentos narrados. A estes falta o sentido da realidade.

OBS: Para os que estão tão próximos ou tão longe é preciso que saibam que "demasiada distância ou demasiada proximidade impede-nos de ver, demasiada longitude ou demasiada concisão obscurece" [Pascal].

4. Basear em informações provenientes de fontes duvidosas e manipuladas por pessoas e entidades que muito têm a lucrar com a ignorância dos que sem exercitar sua capacidade crítica, passam para frente tudo o que a primeira vista lhes causa repulsa...

VAMOS TODOS TENTAR CONHECER A ÁFRICA LIVRE DE PRÉ-CONCEITOS!?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Universidade de Aveiro disponibiliza acervo online com 2500 livros sobre África e Oriente

A biblioteca digital da Universidade de Aveiro já permite ler através da internet obras digitalizadas de Angola, Cabo Verde, Goa, Guiné, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor.


O Portal das Memórias de África e do Oriente é um projeto da Fundação Portugal-África desenvolvido e mantido pela Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento desde 1997. É um instrumento fundamental e pioneiro na tentativa de potenciar a memória histórica dos laços que unem Portugal e a Lusofonia, sendo deste modo uma ponte com o nosso passado comum na construção de uma identidade coletiva aos povos de todos esses países.

O projeto “Memória de África e do Oriente“ já tem online mais de 2500 obras, referentes à história dos países de Língua Portuguesa, durante a administração colonial. O projeto é executado pela Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento (CESA) de Lisboa e tem contado com a participação de instituições de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Goa.

Além de registos bibliográficos para orientação de investigadores e curiosos, estão agora disponíveis e com livre acesso obras digitalizadas que vão desde livros da escola primária do tempo colonial, a relatórios de antigos governadores das então colônias e outros documentos oficiais. Entre outras “preciosidades” já digitalizadas contam-se os três volumes da “História Geral de Cabo Verde”, várias obras do cientista e poeta cabo-verdiano João Vário, toda a coleção do Boletim Geral das Colônias, a revista do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa de Bissau Soronda (1986-2009), o Boletim Cultural do Huambo em Angola, e “O Oriente Português”, da responsabilidade da Comissão de Arqueologia da Índia Portuguesa, publicado entre 1905 e 1920 e retomado entre 1931 e 1940.

De acordo com Carlos Sangreman, da Universidade de Aveiro, o projeto “Memória de África e do Oriente” em dezembro atingiu 353.991 registos bibliográficos e 343.819 páginas digitalizadas e a base de dados já vai ser acrescentada. “Temos trabalhado com muitas instituições portuguesas, sendo a última a Biblioteca Nacional que nos disponibilizou 67 mil registos que irão ser colocados na base à medida que formos conseguindo compatibilizar o formato”, esclarece aquele responsável.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

O REI IMBATÍVEL: CAMINHOS ÁRDUOS DE JUJU

"O rei imbatível: caminhos árduos de Juju", é o título do novo livro de Eliseu Banori publicado no Brasil pela Editora Autografia.


Este livro, segundo o autor, é um relato biográfico do cantor Justino delgado , carinhosamente tratado por "Juju" o rei. Juju é natural da Guiné Bissau país africano de Língua Portuguesa. Considerado o principal artista da Guiné de todos os tempos, Juju "trouxe a afirmação da carreira a solo e da música vibrante de animação em palco." Com mais de 40 anos de carreira, ele marcou o rumo e a trajetória da música e da cultura do país natal...   

Com este livro de Eliseu é possível descobrir o homem e o artista que aquece os corações de todos os Guineenses.


"As músicas de Justino Delgado retratam a vida cotidiana dos guineenses de uma forma simples e singular, muitas vezes, também, são complexas para o entendimento. Porém, são nessas complexidades que residem o prazer de ouvi-las cada vez mais. Por mais que suas músicas sejam complexas, de certa forma, não nos confundem tampouco, mas sim, nos dá a direção para entendermos melhor a trajetória da vida. Tudo isso, na verdade, é genial e enriquece a nossa memória. Também podemos perceber que as músicas do Jujú vencem todas as tristezas, preenchendo os vazios existentes no homem enquanto ser social. As palavras trazidas em suas canções, na maioria das vezes, nascem em busca de uma alma: a alma perdida e a alma presa, por isso que as linguagens usadas nelas vencem os tempos." [Eliseu Banori]. 



______________________________________

Sobre o autor:


Eliseu José Pereira Ié [Eliseu Banori] "Fez os seus estudos primários e secundários em Bandim Bilá e Amizade Guiné-Bissau Suécia (Peré), respectivamente. Formou-se na Escola de formação de professores “17 de Fevereiro”, como professor do ensino básico unificado. Em 2003 na Igreja evangélica de Belém foi presidente e fundador do clube de poetas de Divina. Em 2005-6 foi vice-presidente da referida juventude. Foi secretário da juventude evangélica do sector Autônomo de Bissau (2006-9). Em 2008 no primeiro e segundo período foi professor estagiário do ensino básico unificado na Escola “Belém B” e “António José de Sousa” Atualmente Eliseu é "Mestre em Literatura Africanas de Língua Portuguesa, na UFRJ, Pós-Graduado - Lato senso, Especialização em Literaturas Africanas e Portuguesa pela UFRJ 2015/2016; graduado em Letras: Português-Literaturas pela UFRJ." Além dessa obra, Eliseu já publicou  Em busca do espaço Verde (Poesia), Ed. Magnífica-2011; O vento Ainda Sopra, Ed. Multifoco-2012; Memórias fascinantes: relatos que traduzem o silêncio (sociologia), Ed. Multifoco-2014; As Almas em Agonia (romance), Ed. Pod,2015; e, Cantar do Galo (contos), Gramma Ed. 2017." 


                                            
                                                [CLIQUE AQUI]             [CLIQUE AQUI]


                                                [CLIQUE AQUI]              [CLIQUE AQUI]



terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A origem da Suástica



A suástica não nasceu com o partido nazista alemão. Esse símbolo foi encontrado em culturas do neolítico (pelo menos 4 mil a.C) e sua presença é também constatada em diversas outras culturas antigas como a bizantina na Europa, pelos maias e astecas na América Central e índios navajos na América do Norte. Foi um símbolo usado também pelos hinduistas, budistas e jaInistas da Índia.




Diferente do seu significado atual, a suástica dentro da maioria das culturas era símbolo de coisas boas, de boa sorte. No sânscrito, língua antiga, a palavra svastika significa "condutora de bem-estar".

Como símbolo de boa-sorte a suástica era usada para ornamentar objetos domésticos e até moedas.

Foram trabalhos acadêmicos de jovens alemães no século XIX que defenderam a ideia de que os indianos e os alemães tiveram a mesma origem nos povos arianos. A partir daí os movimentos antissemitas começaram a usar a suástica na defesa do nacionalismo alemão. Mas foi o poeta alemão Guido List que sugeriu o seu uso em 1920 como símbolo do Partido Nacional Alemão.

Até 1930 a suástica era um símbolo comum usado inclusive por empresas como a coca-cola e mesmo por escoteiros-mirins.

Os pesquisadores levantam hipóteses que a suástica pode ter sido nas culturas antigas símbolo de fertilidade, uma roda de vento, cometa, símbolo de uma deusa ou mesmo símbolo de um pássaro

Prof. Guto Josman

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O que há de comum entre Weintraub (2018) e Hitler (1930)?

Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência.



"...Os comunistas são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios..." [Abraham Weintraub, Ministro da Educação, Brasil 2019].






"...Os judeus são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios..." [ Adolf Hitler, Alemanha 1930].






sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência

Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência...


"A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional e com grande páthos e igualmente imperativa vinculante, ou não será nada" [Joseph Goebbels].


"A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou não será nada" [Roberto Alvim].

A filosofia pode ensinar o que o Google não pode

Livre tradução e adaptação do texto publicado no jornal britânico The Guardian




Seja com a invenção de carros sem motorista, ou nos telefones quando ligamos para o banco ou para uma loja: todos sabemos que os robôs estão chegando, e em muitos casos já estão aqui. Em 2013, economistas da Oxford University’s Martin School estimaram que, nos próximos 20 anos, mais de metade de todos os empregos serão substituídos por tecnologias inteligentes. Como essa perspectiva de uma vida auxiliada por robôs, é tolo negar que as crianças que estão na escola hoje entrarão num local de trabalho muito diferente amanhã - e isso se tiverem sorte. [...] Os futurólogos preveem que os trabalhos administrativos e burocráticos serão cada vez mais terceirizados para "máquinas", bem como os trabalhos manuais.


Diante disso, como os educadores devem preparar os jovens para a vida cívica e profissional numa era digital? [...] Redobrar o investimento em ciência, tecnologia, engenharia e matemática não vai resolver o problema, pois: o treinamento em altas tecnologias tem suas limitações imaginativas.

Num futuro próximo, os que abandonaram a escola precisarão de outras habilidades. Em um mundo onde o conhecimento técnico é cada vez mais restrito, as habilidades e a confiança para percorrer disciplinas será recompensado. Precisaremos de pessoas que estejam preparadas para perguntar e responder às perguntas que não são encontradas no Google, como: Quais são as ramificações éticas da automação das máquinas? Quais são as consequências políticas do desemprego em massa? Como devemos distribuir a riqueza em uma sociedade digitalizada? Como sociedade nós precisaremos estar mais familiarizados com a Filosofia para discutirmos tais questões.

Em meio às incertezas políticas de 2016, o presidente irlandês Michael D Higgins lançou uma luz nesta área. "O ensino da filosofia", disse ele em novembro, "é uma das ferramentas mais poderosas que temos à nossa disposição para capacitar as crianças a atuar como sujeitos livres e responsáveis em um mundo cada vez mais complexo, interconectado e incerto". A sala de aula, ele enfatizou, oferece um "caminho para uma cultura democrática humanista e vibrante".

Em 2013, enquanto a Irlanda lutava contra os efeitos da crise financeira, Higgins lançou uma iniciativa nacional que pedia um debate sobre o que a Irlanda valorizava como sociedade. O resultado é que em setembro, pela primeira vez, a filosofia foi introduzida nas escolas irlandesas. O curso para jovens de 12 a 16 anos provoca os jovens a refletirem sobre questões que - até agora - estavam ausentes dos currículos escolares. No Reino Unido, uma rede de filósofos e professores ainda está tentando implantar algo parecido. E na Irlanda, uma nação que já foi considerada "o país mais católico", já está explorando reformas para estabelecer a filosofia para as crianças como um assunto dentro das escolas primárias.

Esta expansão da filosofia no currículo é algo que Higgins e sua esposa Sabina, graduado em filosofia, pediram expressamente. As opiniões de Higgins estão à frente de seu tempo. Se alguns educadores assumem que a filosofia é inútil, é justo dizer que muitos filósofos acadêmicos ainda são territoriais ou ignorantes sobre a viabilidade de tratarem do assunto para além da academia. Se por um lado os educadores precisam ficar sábios, por outro lado os filósofos precisam superar a si mesmos.

O pensamento e o desejo de compreender não vêm naturalmente - ao contrário do que Aristóteles acreditava. Diferentemente, digamos, do sexo e da fofoca, a filosofia não é um interesse universal. Bertrand Russell aproximou-se disso quando disse: "A maioria das pessoas prefere morrer do que pensar; na verdade, é isso que fazem ". Embora possamos todos ter a capacidade de filosofar, é uma capacidade que requer treinamento e "cutucões" culturais. Se a busca da ciência requer algum andaime cognitivo, como argumenta o filósofo norte-americano Robert McCauley, então o mesmo vale para a filosofia.

A filosofia é difícil. Abrange a dupla exigência de trabalho árduo e um supervisor sério. Isso nos obriga a superar os preconceitos pessoais e as armadilhas no raciocínio. Para isso é necessário o diálogo tolerante, e imaginar pontos de vista divergentes enquanto os avalia. A filosofia ajuda as crianças - e os adultos - a articular perguntas e a explorar respostas que não são facilmente extraídas pela introspecção ou pelo Twitter. No seu melhor, a filosofia coloca ideias, não egos, na frente e no centro. E é a própria fragilidade - a não-naturalidade - da filosofia que exige que ela seja incorporada, não apenas nas escolas, mas nos espaços públicos.

A filosofia não vai trazer de volta os trabalhos perdidos para os robôs. Não é uma cura para todos os problemas atuais ou futuros do mundo. Mas pode construir uma imunidade contra julgamentos descuidados, e certezas não avaliadas. A filosofia em nossas salas de aula poderia nos preparar melhor para perceber e desafiar os conhecimentos convencionais da nossa era. Talvez por isso não seja surpreendente que o presidente da Irlanda, um país que foi uma vez uma sub-teocracia, tenha entendido isso.

Fonte: [CLIQUE AQUI]