"Nossos dias mais sombrios na batalha contra a Covid ainda estão por chegar, não os deixamos para trás. Por mais frustrante que seja ouvir isso, vamos precisar de paciência, persistência e determinação para derrotar este vírus" [JOE BIDEN].
"O homem não é um ser-substância de quem poderíamos descrever e coisificar as atitudes comportamentais. Não é um ser estático e acabado, cujo comportamento teria o privilégio de assemelhar-se à sua essência, isto é, a uma definição de seu ser inscrita na "natureza humana". Porque antes de constituir um ente como outro qualquer, o homem é um existente que se constrói constantemente por sua presença no mundo: é um ser histórico, em devir, que sempre se coloca em questão". JAPIASSU, Hilton.
"Nossos dias mais sombrios na batalha contra a Covid ainda estão por chegar, não os deixamos para trás. Por mais frustrante que seja ouvir isso, vamos precisar de paciência, persistência e determinação para derrotar este vírus" [JOE BIDEN].
“O pacto social estabelece entre os
cidadãos, uma tal igualdade que todos eles se comprometem sob as mesmas
condições e devem gozar dos mesmos direitos” (ROUSSEAU).
Por: Arlindo Nascimento Rocha*
As
primeiras críticas à religião feitas no pensamento ocidental vieram dos filósofos
pré-socráticos, que criticaram o politeísmo e o antropomorfismo. Em outras
palavras, afirmaram que, do ponto de vista da razão, a pluralidade dos deuses é
absurda, pois a essência da divindade é a plenitude infinita, não podendo haver
senão uma potência divina.
Declararam
também absurdo o antropomorfismo, uma vez que este reduz os deuses à condição
de seres super-humanos, isto é, as qualidades da essência divina não podem
confundir-se com as da natureza humana. Essas críticas foram retomadas e
sistematizadas por Platão, Aristóteles e pelos estOicos.
Uma
outra crítica à religião foi feita pelo grego Epicuro e retomada pelo latino Lucrécio.
A religião, dizem eles, é fabulação ilusória, nascida do medo da morte e da
Natureza. É superstição. No século XVII, o filósofo Espinosa retoma essa crítica,
mas em lugar de começar pela religião, começa pela superstição. Os homens, diz
ele, têm medo dos males e esperança de bens. Movidos pelas paixões (medo e
esperança), não confiam em si mesmos nem nos conhecimentos racionais para
evitar males e conseguir bens.
Passional ou irracionalmente, depositam males e bens em forças caprichosas, como a sorte e a fortuna, e as transformam em poderes que os governam arbitrariamente, instaurando a superstição. Para alimentá-la, criam a religião e esta, para conservar seu domínio sobre eles, institui o poder teológico-político.
Nascida do medo supersticioso, a religião está a serviço da tirania, tanto mais forte quanto mais os homens forem deixados na ignorância da verdadeira natureza de Deus e das causas de todas as coisas.
Essa diferença entre religião e verdadeiro conhecimento de Deus levou, no século XVIII, à idia de religião natural ou deísmo. Voltando-se contra a religião institucionalizada como poder eclesiástico e poder teológico-político, os filósofos da Ilustração afirmaram a existência de um Deus que é força e energia inteligente, imanente à Natureza, conhecido pela razão e contrário à superstição.
Observamos, portanto, que as críticas à religião voltam-se contra dois de seus aspectos: o encantamento do mundo, considerado superstição; e o poder teológico-político institucional, considerado tirânico.
No século XIX, o filósofo Feuerbach criticou a religião como alienação. Os seres humanos vivem, desde sempre, numa relação com a Natureza e, desde muito cedo, sentem necessidade de explicá-la, e o fazem analisando a origem das coisas, a regularidade dos acontecimentos naturais, a origem da vida, a causa da dor e da morte, a conservação do tempo passado na memória e a esperança de um tempo futuro. Para isso, criam os deuses. Dão-lhes forças e poderes que exprimem desejos humanos. Fazem-nos criadores da realidade. Pouco a pouco, passam a concebê-los como governantes da realidade, dotados de forças e poderes maiores do que os humanos.
Nesse movimento, gradualmente, de geração a geração, os seres humanos se esquecem de que foram os criadores da divindade, invertem as posições e julgam-se criaturas dos deuses. Estes, cada vez mais, tornam-se seres onipotentes, oniscientes e distantes dos humanos, exigindo destes, culto, rito e obediência. Tornam-se transcendentes e passam a dominar a imaginação e a vida dos seres humanos.
A alienação religiosa é esse longo processo pelo qual os homens não se reconhecem no produto de sua própria criação, transformando-o num outro (alienus), estranho, distante, poderoso e dominador. O domínio da criatura (deuses) sobre seus criadores (homens) é a alienação.
A análise de Feuerbach foi retomada por Marx, de quem conhecemos a célebre expressão: “A religião é o ópio do povo”. Com essa afirmação, Marx pretende mostrar que a religião – referindo-se ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo, isto é, às religiões da salvação – amortece a combatividade dos oprimidos e explorados, porque lhes promete uma vida futura feliz. Na esperança de felicidade e justiça no outro mundo, os despossuídos, explorados e humilhados deixam de combater as causas de suas misérias neste mundo.
Todavia, Marx fez uma outra afirmação que, em geral, não é lembrada. Disse ele que “a religião é lógica e enciclopédia popular, espírito de um mundo sem espírito”. Que significam essas palavras?
Com elas, Marx procurou mostrar que a religião é uma forma de conhecimento e de explicação da realidade, usadas pelas classes populares – lógica e enciclopédia – para dar sentido às coisas, às relações sociais e políticas, encontrando significações – o espírito no mundo sem espírito -, que lhes permitem, periodicamente, lutar contra os poderes tirânicos.
Marx tinha na lembrança as revoltas camponesas e populares durante a Reforma Protestante, bem como na Revolução Inglesa de 1644, na Revolução Francesa de 1789, e nos movimentos milenaristas que exprimiram, na Idade Média, e no início dos movimentos socialistas, a luta popular contra a injustiça social e política.
Se por um lado na religião há a face opiácea do conformismo, há, por outro lado, a face combativa dos que usam o saber religioso contra as instituições legitimadas pelo poder teológico-político.
Fonte:
CHAUI,
Marilena. Convite a filosofia. 12ª ed.
– São Paulo: Editora Ática, 2002.
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Um homem rico entrou num bar em Miami. Assim que ele entrou, ele notou uma mulher africana (negra), sentada em um canto.
Então, mais uma vez, ele tirou a carteira e gritou: "Empregado! Desta vez eu estou comprando garrafas de vinho e comida adicional para todos neste bar, exceto para aquela africana sentada ali no canto!" O garçom recolheu o dinheiro do homem e começou a servir comida grátis e vinho para todos no bar exceto para a africana.
Então, ele inclinou-se sobre o balcão e perguntou ao barman: "O que há de errado com aquela mulher negra? Comprei comida e bebidas para todos neste bar, exceto para ela, e em vez de ficar zangada, ela senta-se ali, sorri para mim e grita: "Obrigada!" "Ela está louca?"
O barman sorriu para o homem rico e disse: "Não, ela não é louca. Ela é a dona deste estabelecimento."
Que os nossos inimigos trabalhem, sem saber. a nosso favor.
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Livre tradução e adaptação do texto publicado no jornal britânico The Guardian