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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013)



Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013) 



1918 - Nasce na localidade de Mvezo, atual província do Cabo Oriental;
1944 - Ingressa no Congresso Nacional Africano (CNA); 
1952 - É processado de acordo com a Lei para a Supressão do Comunismo do governo do Apartheid Sul africano. Recebe sentença de prisão, depois suspensa;
1962 - Deixa o país secretamente e recebe treinamento militar na Argélia. de volta ao país, é condenado a cinco anos por incentivar revoltas;
1964 - É condenado a prisão perpétua, escapando por pouco da pena de morte;
1985- Rejeita a oferta de Pieter Botha, então presidente da África do Sul, de ser libertado em troca de renunciar à violência;
1990 - É libertado da prisão. No mesmo ano Frederik De Klerk, o último presidente branco do país, acaba com a proibição do CNA, que teve inicio em 1960;
1993 - Ganha o prémio Nobel da Paz, junto com De Klerk;
1994 - É eleito o primeiro presidente negro da África do Sul; 
2013 - Morre ao 95 anos em Joanesburg.   

Nelson Mandela, no dia de seu casamento com Winnie Mandela, em maio de 1958.



No dia 16 de junho de 1964,  Mandela, foi sentenciado à prisão perpétua no julgamento de Rivonia.



 Mandela, junto a sua esposa Winnie, abandona a prisão depois de ser libertado após 27 anos na cadeia, em 1990.



 Mandela, investido 'Doutor Honoris Causa' pela Universidade Complutense, em Madri, durante a visita que realiza em Espanha para agradecer o apoio contra o apartheid.




 Mandela  ergue o punho após a atuação da banda sul-africana Ladysmith Black Mombasa, durante a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, em 1993.




Mandela, regressa à cela que ocupou durante 27 anos, no quarto aniversário de sua saída da prisão, em 1994.




 Mandela, faz o juramento durante a cerimônia de posse em Pretória, depois das primeiras eleições multirraciais no país, no dia 10 de maio de 1994




 Mandela, em um ato durante seu primeiro mandato, na Cidade do Cabo, África do Sul, em 1995.





 Mandela entrega o troféu ao capitão da equipe de rugby, Francois Pienaar, após a vitória contra a Nova Zelândia  na final da Copa do Mundo de Rugby de 1995.




 Mandela aperta a mão da rainha Elizabeth II da Inglaterra, durante uma parada da Guarda à cavalo em Londres, em sua primeira visita oficial ao Reino Unido, em 1996. 



 Mandela, se casa com a namorada Graça Machel, viúva do ex-presidente moçambicano Samora Machel, na residência presidencial de Pretória, no dia de seu 80º aniversário. Ele se divorciou de Winnie Mandela em 1996.


 Mandela, cumprimenta Diana, princesa de Gales, durante uma visita de Lady Di à Cidade do Cabo, no dia 17 de março de 1997. 


O papa João Paulo II recebe  Nelson Mandela, em audiência privada no Vaticano, em junho do 1998.


O presidente  Bill Clinton, aplaude   Mandela, após condecorá-lo com a Medalha de Honra do Congresso dos Estados Unidos, no Capitólio em Setembro de 1998.


 Mandela na praça Trafalgar durante o show pela democracia sul-africana, celebrado em Londres  para enfatizar os sete anos de democracia no país, em 2001.


Em junho de 1999,  Mandela deixa a política. Cede seu lugar no Parlamento a Thabo Mbeki, durante a sessão na que este foi eleito novo presidente do país, depois das segundas eleições legislativas.  Em 2004, um ano após ser diagnosticado com câncer de próstata, Mandela anunciou sua retirada definitiva da vida pública.


 Mandela, cumprimenta o líder cubano, Fidel Castro, durante uma visita na casa de Mandela em Houghton, Johannesburgo, no dia 2 de setembro de 2001.


 Mandera posa com o troféu da Copa do Mundo após ser anunciado que África do Sul sediaria a Copa do Mundo de 2010 em Zurique (Suíça), no dia 15 de maio de 2004.


 Mandela em sua fundação em Johannesburgo (África do Sul), antes de receber um grupo de estudantes, em 2 de junho de 2009.


 Mandela, junto a sua esposa, Graça Machel, durante a cerimônia de encerramento da Copa do Mundo de Futebol da África do Sul 2010, no estádio Soccer City de Johanesburgo. Esta seria sua última aparição pública.


 Mandela na casa de sua família em Qunu (África do Sul), durante seu aniversário, no dia 18 de julho de 2012.


O caixão de Mandela chega ao aeroporto de Mthata, na província de Eastern Cape, para o funeral celebrado na casa de sua família, em Qunu (África do Sul), no dia 15 de dezembro de 2013.




Fontes


100 anos de Nelson Mandela, o líder da luta contra o apartheid (22 fotos) . Disponível em: < https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/17/album/1531828042_969782.html#foto_gal_1>. Acesso em 18/07/2018.

Folha de São Paulo. Legado de Nelson Mandela nem sempre é respeitado, afirma ex-secretária. Disponível e: < https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/07/legado-de-nelson-mandela-nem-sempre-e-respeitado-afirma-ex-secretaria.shtml>. Acesso em18/07/2018.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Educação Especial: breve histórico



Para contextualizar historicamente o conceito de Educação Especial[1], precisamos inicialmente conhecer um pouco sobre o tratamento que durante muito tempo foi dado às crianças/alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), ao longo da história da humanidade, e, especialmente no Brasil. Porém, antes, precisamos definir e refletir criticamente sobre o que venha o conceito de NEE.

Uma questão importante e ao mesmo tempo problemática sobre a questão do uso do termo Necessidades Educativas Especiais é quanto a sua generalidade, pois, segundo Libório et al (2005, p. 77), ele pode ser usado tanto para designar crianças/alunos com necessidade permanentes assim como aquelas que possuem dificuldades de aprendizagem, nas mais diversas formas e intensidades. Essas dificuldades segundo o mesmo autor podem ser: atrasos em diferentes matérias, dificuldade da compreensão da leitura, problemas de linguagem [...]. Entretanto, Brennan observa que:

Há uma Necessidade Educativa Especial quando um problema (físico, sensorial, intelectual, emocional, social, ou qualquer combinação destas problemáticas) afeta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo especial ou modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que o aluno possa receber uma educação apropriada. Tal necessidade educativa pode classificar-se de ligeira a severa e pode ser permanente ou manifestar-se durante uma fase do desenvolvimento do aluno (BRENNAN, 1988, p. 36). 

Voltando ao contexto histórico, constatamos que durante muito tempo, as crianças/alunos com Necessidades Educativas Especiais foram tratados como diferentes e eram, por vezes, visto como aberrações. Tanto é que, na Grécia Antiga, essas crianças eram sacrificadas ou escondidas. Já na Idade Média essas crianças eram categorizadas junto com os ‘loucos’, com os criminosos e aqueles que eram considerados como sendo ‘possuídos por demônios’. Entretanto, segundo Campos, “a história da Educação Especial, começa a ser tratada apenas no século XVI, já na Idade Moderna, com a colaboração de médicos que desafiam os conceitos vigentes sobre o que se entendia por educação especial até então” (CAMPOS, 2014, p. 45).

Apesar dessa colaboração dos médicos, os diferentes, ou seja, os portadores de alguma deficiência  continuaram abandonados por muito tempo à  sua própria sorte, isolados e com pouca atenção dos pais, dos familiares, e, principalmente das instituições educativas e dos governos. Atualmente, quase todo mundo partilha da opinião de que ninguém que seja portadora de uma deficiência possa ser deixada à sua sorte, principalmente as crianças com NEE, pois, segundo Pessotti:   

Já não se pode,  justificadamente, delegar  à divindade o cuidado de suas  criaturas  deficitárias,  nem se pode,  em nome da fé e da moral, levá-las  à fogueira. Não há mais lugar  para a irresponsabilidade social e política,  diante da deficiência [...], não há vantagens para o poder público, para o comodismo da família, em não assumir a tarefa [...] (PESSOTTI, 1984, p.  24).

Mrech (1998) nos informa que, a proposta de Educação Especial surgiu nos Estados Unidos em 1975, com a Lei pública nº 94.142, que abriu possibilidades para a entrada de alunos com deficiência na escola comum, que estabelece a modificação dos currículos e a criação de uma rede de informação entre escolas, bibliotecas, hospitais e clínicas. Assim: 

A denominada Educação Inclusive nasceu nos Estados Unidos, pelas mãos d a Lei pública nº 94.142 de 1975 e, hoje, já está em sua terceira década de implementação. Em todo o território desse país, foram estabelecidos programas e projetos dedicados a Educação Inclusiva (NOGUEIRA, et al. 2009, p. 26).  

A legislação Federal que foi criada nessa altura visava proteger a educação pública gratuita para todas as crianças elegíveis com deficiência nos Estados Unidos, garantindo-lhes assim, as mesmas oportunidades oferecidas às crianças ditas normais. No Brasil, segundo Campos (2014), nas primeiras décadas do século XX houve um período que se caracterizou pelas vertentes assistencialistas preocupados com a proteção e cuidados dos indivíduos especiais em instituições especializadas. Porém, atualmente, é possível perceber políticas mobilizadoras para a inclusão de crianças com NEE, pois, muitos são os benefícios para as crianças e seus familiares, principalmente as mais carentes e muitas são as que, direta ou indiretamente beneficiam dos programas sociais por terem filhos com NEE em idade escolar.

Portanto, é visível nos últimos anos, mudanças significativas relativamente à educação inclusiva. Mas, um dos fatores mais discutidos pelos especialistas, professores e toda a comunidade educativa é a inclusão de alunos portadores de NEE, em escolas públicas e privadas no nosso país. Entretanto, ainda é possível encontrar algumas resistências isoladas, relativamente a esse assunto, pois, existem duas posições sobre as quais geralmente as pessoas acabam aderindo: 

Alguns acreditam que o aluno com deficiência é mais excluído na escola de ensino regular, por não acompanhar os demais colegas na aprendizagem e por isto deveria ser preservado e frequentar a escola especial, onde estaria com crianças "iguais" e, assim, não precisaria lidar com este desafio. Outros educadores acreditam que o aluno com necessidades especiais deve frequentar a escola de ensino regular, justamente pela riqueza que surge através da diversidade (DA ROSA, 2008, p.215).    

Segundo Breta e Viana (2014), atualmente a comunidade escolar olha a inclusão de crianças/alunos com NEE, de forma diferente, pois, muita coisa positiva pode vir com ela. É importante perceber que através da inclusão aprende-se a entender e conhecer o outro, e assim tem-se o privilégio de conviver com pessoas diferentes.

A nível governamental foi criada a Lei nº 10.098/94, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.[2] Essa Lei, no seu Art. 1o, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Enfim, a Educação Especial mudou o rumo das atitudes dos pais, dos familiares e da camada docente, e, o processo de inclusão não pode mais ser ignorado, portanto, cabe a nós transformarmos o ambiente escolar em um ambiente que reconheça, respeite e ensine com e a partir das diferenças. Assim, no próximo tem da nossa pesquisa refletiremos sobre o conceito de inclusão escolar em suas múltiplas acepções.

Bibliografia

BRASIL. Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: CNE/CEB, 2001
.
BRENNAN (1988) in: CORREIA, L.M. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares. Porto. Porto Editora, LDA. 1999.
CAMPOS, Luciana. Resiliência & habilidades Sociais: reflexões acerca de suas articulações e deus desdobramentos na escola e na vida. Luciana Campos (Org.). – 1ª edição: Curitiba: Appris, 2014.
DA ROSA, Rejane Souza. A inclusão escolar de alunos com necessidades educativas especiais em escola de ensino regular. Contemporânea - Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n.06, Abr/Mai/Jun 2008, p. 214 -221.
LIBÓRIO, Renata Maria Coimbra; SILVA, Divino José da. Valores, preconceitos e práticas educativas. Renata Maria Coimbra Libório; Divino José da Silva (Org.). – São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
NOGUEIRA, Mário Lúcio de Lima; OLIVEIRA, Eloisa da Silva Gomes de; SÁ, Márcia Souto Maior Mourão. Legislação e políticas públicas em Educação Inclusiva. - 2ª edição. – Curitiba: IESDE, Brasil, 2009.      
PESSOTTI, Isaias. Deficiência Mental: da superstição à ciência. São Paulo: T.A. Queiroz.  Ed. da Universidade de São Paulo, 1994. 
MRECH (1998). In: Ministério da Educação Secretária de Educação Especial a Inclusão escolar de alunos com Necessidades Educacionais Especiais e deficiência física. Brasília – DF. 2006.
BERETA, Mônica Silveira; Patrícia Beatriz de Macedo Viana. Os benefícios da inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares. Revista pós-graduação: desafios contemporâneos v.1, n. 1, jun/2014.
BRASIL. Presidência da república: Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n10.098, de 19/12/2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm>. Acesso em: 22/09/2017. 




[1] Por Educação Especial, modalidade da educação escolar entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais e especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentem necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL - MEC/SEESP, 2001, p. 1).
[2] BRASIL. Presidência da república: Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n10.098, de 19/12/2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm>. Acesso em: 22/09/2017.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O Luizinho da segunda fila


 
 
Marcelo é um excelente professor de Geografia.

Na aula sobre o Pantanal até excedeu-se. Falou com entusiasmo, relatou com detalhes, descreveu com precisão. Preencheu a lousa com critério, soube fazer com que os alunos descobrissem na interpretação do texto do livro a magia dessa região quase selvagem. Exibiu um vídeo, congelou cenas e enriqueceu-as com detalhes, com fatos experimentados, acontecimentos do dia-a-dia de cada um.

Em sua prova, é evidente, não deu outra: uma redação sobre o tema e questões operatórias que envolviam o Pantanal. Seus rios, suas aves, sua vegetação... a planície imensa. Os alunos acharam fácil. Apanharam suas folhas e começaram a trazer, palavra por palavra, suas imagens para o papel. As canetas corriam soltas e as linhas transformavam-se em parágrafos. Marcelo sabia o quanto teria que corrigir, mas vibrava... Sentia que os alunos aprendiam. Descobria o interesse que sua ciência despertava. Não pôde conter uma emoção diferente quando Heleninha, sua aluna predileta, foi até sua mesa e arfante solicitou:

- Posso pegar mais uma folha em branco?

O único ponto de discórdia, o único sentimento opaco que aborrecia Marcelo, era o Luizinho, aquele da segunda fila. - Puxa vida! - pensava - Luizinho assistira todas as suas aulas, arregalara os olhos com as explicações e agora, na prova, silêncio absoluto, imobilidade total... nem sequer uma linha. Sentiu ímpetos de esganar Luizinho. Mas, tudo bem, não queria se irritar. Luizinho pagaria seu preço, iria certamente para a recuperação. Se duvidassem poderia, até mesmo, levá-lo à retenção. Seria até possível arrancar um ano inteirinho de sua vida...

Minutos depois, avisou que o tempo estava terminando. Que entregassem sua folha. Viu então que, rapidamente, Luizinho desenhou, na primeira página das folhas de prova, o Pantanal. Rico, minucioso, preciso. Marcelo emocionou-se, ao ver aquele quadro, de irretocável perfeição, nas mãos de Luizinho que coloria as últimas sobras. Entusiasmado indagou:

- E aí, Luís? Você já esteve no Pantanal?

Não. Luizinho jamais saíra de sua cidade. Construiu sua imagem a partir das aulas ouvidas. Marcelo sentiu-se um gigante e, de repente, descobriu-se o próprio Piaget. havia com suas próprias palavras construído uma imagem completa, correta e absoluta na mente do seu aluno. 

Mas, deu zero pela redação. É claro. Naquela escola não era permitido que se rabiscassem as folhas de prova. A história de Luizinho repete-se em muitas escolas. Sua inteligência pictórica é imensa, colossal, lúcida, clara e contrasta visivelmente com as limitações de sua competência verbal. Expressou o que sabia, da maneira como conseguia.

Mas, não são todos os professores que se encontram treinados para ouvir linguagens diferentes das que a escola instituiu como única e universal.

FONTE:
ANTUNES, Celso. Marinheiros e professores. - 6a ed. - Petrópolis: Editora Vozes, 2000, p. 71-73.