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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A ESTIMULAÇÃO E A ANTECIPAÇÃO DA ESCRITA COM LETRA CURSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Luciana Martins Maia[1]

Vemos atualmente em várias escolas a antecipação da escrita com letra cursiva em crianças muito pequenas. Com a desculpa de estarem apenas estimulando os pequenos, sem cobrança, os professores vão mostrando as letras e seus traçados. Acontece que crianças na faixa de três, quatro anos ainda não possuem maturidade intelectual para assimilarem tais conceitos. Porém, estão ávidos por aprender, copiam tudo o que os professores fazem, repetem seus gestos e tentam escrever "do seu jeitinho".

É fato que as crianças de hoje estão bem mais espertas, mais ligadas e "antenadas" com o mundo, mas ainda são crianças e agem como tal. Ao ver o traçado de uma vogal cursiva, por exemplo, vão tentar copiá-la. Vão fazê-lo como copiam um desenho. Através da sua sensibilidade, do seu olhar para a figura. Acontece que as letras tem um traçado preestabelecido, um lugar para começar e terminar. Uma sequencia que a maioria das crianças nessa idade ainda não é capaz de perceber. Os professores podem até dizer que ensinam o movimento correto, ou até que não ensinam porque essa etapa é apenas de visualização, de identificação, mas as crianças vão tentar escrever. Algumas vão se sentir fascinadas por escrever com a letra cursiva, mas podem acabar fazendo o movimento errado das letras.
O traçado realizado de modo incorreto pode ser levado adiante para os anos seguintes e todo o trabalho da professora do primeiro ano, que é quem é realmente responsável por ensinar o movimento das letras cusivas, pode ser tornar mais complicado, pois a criança já vai estar escrevendo com o traçado errado há muito tempo, o que torna bastante difícil a sua correção.

Enquanto professora do primeiro ano eu já havia percebido isso, mas ainda continuo escutando de outras colegas que lecionam nessa fase, de que já fizeram de tudo para que a criança fizesse o traçado das letras a, q, f, entre outras cursivas, corretamente, mas que não tiveram sucesso e, com isso, o aluno seguiu para a série posterior com o traçado errado, agravando a situação nas séries seguintes.Ocorre que o traçado das letras cursivas realizado de maneira incorreta torna a escrita cada vez mais cansativa, difícil e, em alguns casos, até ilegível.

Além de professora alfabetizadora há mais de vinte anos, sou mãe de três filhos. O mais velho, na época da educação infantil fazia uma confusão enorme com as letras "do seu jeitinho". A escola utilizava a letra script (bastão minúscula) e ele, ao identificá-las quando escrevia, confundia muitas delas, pois tinham o traçado parecido (n/h – a/d – d/q...). Isso fez com que ele desistisse de tentar. Dizia que não sabia. Não queria escrever, nem tentava ler. Ainda bem que não o fizeram escrever o nome completo na educação infantil, pois tratava-se de um nome composto, grande, cheio de fonemas complexos para ele (br, h, qu, l e n invertidos). Na alfabetização, em outra escola, utilizaram a letra bastão maiúscula (caixa alta) e foi ótimo. As letras de fácil identificação o estimularam a escrever e, paralelo a isso, foram trabalhados os diversos traçados, ou seja, os movimentos necessários para a escrita das letras cursivas. Ele foi mudando aos poucos, no seu ritmo e, na metado de ano letivo já escrevia corretamente todo o alfabeto cursivo, maiúsculo e minúsculo, bem como conseguia se expressar com autonomia utilizando essas letras.

Minha filha do meio aprendeu a ler aos quatro anos, observando as atividades do irmão mais velho que se alfabetizava. Sempre foi muito esperta e copiava tudo o que via. Mas era uma criança de quatro anos que, como todas as outras, gostava de brincar, de desenhar... A escola utilizava a letra bastão maiúscula e ela nessa época já escrevia muito bem com essas letras. Porém, ainda não tinha domínio total do espaço gráfico quando este se tornava mais restrito (como a pauta de um caderno) nem fazia ainda os traçados curvos corretamente nesses espaços. Na fase anterior a alfabetização, aos cinco anos, como ela já lia fluentemente e escrevia de forma alfabética, a professora a estimulou a escrever com a letra cursiva, que ela aprendeu com rapidez, pois estava ávida por isso e queria saber cada vez mais. Porém, a professora não se preocupou em ensinar-lá os traçados independente das letras cursivas, um a um, movimento a movimento, volta por volta. Mostrou as letras, mostrou como são escritas, o como fazer, mas uma letra já emendada na outra. As noções matemáticas foram bem trabalhadas, bem como todas as outras habilidades necessárias para que minha filha se tornasse uma leitura competente.

Atualmente meu filho já está na segunda etapa do ensino fundamental. Ótimo, organizado, caprichoso. Sua letra é perfeitamente legível e seu traçado é rápido e correto. Não apresenta nenhum problema para registrar suas produções. Escreve e lê com muita facilidade. Minha filha do meio, que termina a primeira etapa do ensino fundamental, continua bastante esperta, suas notas são boas, mas sua escrita cursiva não é de todo correta. Algumas letras são escritas ainda com o movimento errado e provavelmente continuarão, pois não há mais tempo para a correção desses traçados.

Minha filha caçula está ainda na educação infantil. Também bastante esperta, já começa a se interessar pela leitura e pela escrita. Aos quatro anos, adora desenhar, pintar e "escrever". Usa a letra bastão maiúscula e tenta hipóteses para a escrita que segue ora silábica, ora silábico-alfabética. Minha preocupação com os traçados continua. Outro dia ela resolveu fazer as vogais e meu espanto foi enorme. Estavam corretas no sentido de que ela sabia associar o som a letra, bem como a figura correspondente, porém, o traçado estava totalmente errado, pois ela fez de maneira independente, só de olhar.

Fica aqui o meu alerta! Professoras, respeitem as etapas de desenvolvimento das crianças. A Educação Infantil é uma fase de desenvolvimento de HABILIDADES. Habilidades estas necessárias para a aquisição dos conteúdos a serem trabalhados no Ensino Fundamental. Não cobrem uma letra perfeita nem entupam as crianças com conteúdos na Educação Infantil! Informem-se, conheçam os Parâmetros Curriculares da Educação Infantil e vejam quais são as necessidades das crianças nessa fase!

Não acredito que a coordenação motora fina deva ser desenvolvida através do treino de escrita com letra cursiva. Existem muitas atividades mais divertidas que estimulam a coordenação: brincar com massinha, cortar e recortar papel, desenhar e colorir. Utilizar o mouse no computador, fazer atividades utilizando o paint, tudo isso trabalha a coordenação motora fina, pois o cérebro se adapta às necessidades do corpo!
Não sou contra o ensino da letra cursiva, muito pelo contrário, só não acho que ele deva ser antecipado ou cobrado antes da criança estar realmente alfabetizada. Primeiro temos que formar leitores e escritores, para depois formarmos bons calígrafos.
Alguns alunos são capazes de escrever o próprio nome com letra cursiva desde bem pequenos, mas não são regra. Não devemos impedir a aprendizagem desses alunos, mas tudo deve se dar de maneira bem natural, ensinado de forma correta, aceitando cada tentativa de aprendizagem, sem cobranças.

A educação Infantil é momento de cortar, colar, rasgar, pintar, pular, correr, trabalhar o movimento de pinça, a coordenação motora fina e ampla, a percepção visual e auditiva, a observação, a consciência fonológica, a oralidade, o domínio do esquema corporal, a memorização, a concentração, a atenção e tantas outras habilidades que lhe serão muito úteis e necessárias na continuidade da sua escolarização. Queimar etapas é privar a criança de experiências realmente necessárias e prazerozas que só trarão benefícios para essa mesma criança mais tarde.
IDCP - Instituto de desenvolvimento e Capacitação Profissional
Transformando nossos sonhos de educação em realidade




[1] Luciana Martins Maia - Professora, jornalista, pedagoga, especialista em Alfabetização, pós graduada em Avaliação Educacional e Gestão Integrada da Educação (Gestão / Supervisão / Orientação Educacional), MBA em Gestão Estratégica da Educação. Palestrante nas áreas de Alfabetização, Avaliação Educacional e Gestão da Qualidade na Educação. Possui mais de 20 anos de experiência como professora alfabetizadora, coordenadora pedagógica, além de atuação na formação de docentes. Atualmente está a frente do IDCP (Instituto de Desenvolvimento e Capacitação Profissional), dirigindo e ministrando cursos. Também realiza consultoria para diversas instituições educacionais. contato:luciana@idcpro.com.br / site: www.idcpro.com.br)

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE HAWARD GARDNER



MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM 

Quem foi Haward Gardner? 


Formado em psicologia e neurologia, professor na universidade de Harvard. Em 1980 começa um estudo aprofundado da inteligência que ficou conhecido com Inteligências Múltiplas. Howard Gardner é o cientista das Inteligências Múltiplas...



De acordo com Gardner, a Teoria da I M, é uma alternativa ao conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor em qualquer área de atuação.






INTELIGÊNCIA

“É um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura” (Gardner, 2000)

“As inteligências vêm da combinação da herança genética do indivíduo com as condições de vida numa cultura e numa era dada.” (Gardner, 2000)

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Apoia em novas descobertas neurológicas procedidas em Harvard e outras universidades dos EUA, mudando as linhas de conhecimento neurológico sobre a mente humana. Não é o primeiro modelo a sugerir que existem formas diferentes de ser inteligente. Nos últimos 200 anos surgiram várias teorias classificando de 1 a 150 tipos de inteligências.

PREMISSA PARA OS ESTUDOS

O comportamento inteligente pode ser mais bem visualizado observando as mais altas conquistas da civilização.
Todas as pessoas possuem as várias inteligências; ü A maioria das pessoas pode desenvolver cada inteligência num nível mais adequado de competência; ü As inteligências funcionam juntas de maneira complexa; ü Existem muitas maneiras de ser inteligente em cada categoria.

POR QUÊ O MODELO DE GARDNER É IMPORTANTE?

Baseia em pesquisas realizadas numa ampla variedade de campos (antropologia, psicologia cognitiva, psicologia de desenvolvimento...).
Para que cada inteligência possa fazer parte da teoria é necessário que ela satisfaça a quatro requisitos básicos: 

  • 1. Habilidade em simbolizar ou descrever ideias e experiências através de representações. 
  • 2. Inteligência não é uma característica absoluta fixada no nascimento que permanece estável. 
  • 3. Para ser viável, qualquer teoria de inteligência precisa ser enraizada na psicologia da estrutura cerebral. 
  • 4. O comportamento inteligente pode ser mais bem visualizado observando as mais altas conquistas da civilização.

OS DIFERENTES TIPOS DE INTELIGÊNCIAS
  • Inteligência linguística • Inteligência lógico-matemática • Inteligência espacial • Inteligência sonora ou musical • Inteligência cinestésico-corporal • Inteligência naturalista • Inteligências pessoais: intrapessoal e interpessoal • Inteligência existencial

INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA
  •  Inclui a capacidade de manipular a sintaxe ou a estrutura da linguagem, a semântica ou os significados da linguagem, suas dimensões pragmáticas e seus usos práticos Políticos, jornalistas, poetas, escritores exibem com mais destaque essa inteligência. Vocabulário Linguagem.

INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA
  • Inclui sensibilidade a padrões e relacionamentos lógicos, afirmações e proposições, funções e outras abstrações relacionadas É a inteligência característica de engenheiros, matemáticos e cientistas. Lógico-Matemática Musical.

INTELIGÊNCIA ESPACIAL
  • Inclui a capacidade de visualizar, de representar graficamente ideias visuais ou espaciais e de orientar-se apropriadamente em uma matriz espacial. É a inteligência de artistas plásticos, navegadores, pilotos, arquitetos.
INTELIGÊNCIA CORPORAL-CINESTÉSICA
  • Perícia no uso do corpo todo para expressar ideias e sentimentos e facilidade no uso das partes do corpo para produzir ou transformar coisas. “A persistência é o caminho do êxito” Charles Spencer Chaplin.
INTELIGÊNCIA SONORA OU MUSICAL
  • Capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais. -Inteligência percebida em crianças; -Estudo com pessoas surdas.

INTELIGÊNCIA NATURALISTA
  • Perícia no reconhecimento e classificação das numerosas espécies do meio ambiente do indivíduo. É a inteligência dos envolvidos em causas ecológicas, como os ambientalistas, espiritualistas, artistas.

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL
  • Capacidade de perceber e fazer distinções no humor, intenções, motivações e sentimentos das outras pessoas. É a inteligência comum em líderes, terapeutas, políticos, religiosos, professores, vendedores, que sabem identificar expectativas, desejos e motivações de outras pessoas.
INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL
  •  Autoconhecimento e a capacidade de agir adaptativamente com base neste conhecimento. Também é capacidade de superar os impulsos instintivos (auto-controle). Intra e Interpessoal.
 INTELIGÊNCIA EXISTENCIAL
  • Capacidade de situar-se ao alcance do compreensão integral do cosmos, do infinito, assim como a capacidade de compreender a existência humana.

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL
  • A mais nova inteligência adicionada à lista está sendo estudada por Gardner. Refere-se à preocupação e formulação de perguntas sobre a vida, a morte, o universo. É a inteligência de religiosos, líderes espirituais, devotos etc.
COMO RECONHECER AS INTELIGÊNCIAS EM NOSSOS ALUNOS

 Para Gardner, os alunos apresentam traços integrados de diferentes inteligências e, dessa forma, não é possível enquadra-los em apenas uma ou duas. Observando os alunos, podemos notar: 


ALUNOS COM ACENTUADA INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA ALUNOS COM DESTACADA INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL; ALUNOS COM FORTE INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA; ALUNOS COM FORTE SENSIBILIDADE INTERPESSOAL; ALUNOS COM AGUDA SENSIBILIDADE VÍSUO-ESPACIAL; ALUNOS COM BOA INTELIGÊNCIA NATURALISTA; ALUNOS COM FORTE TENDÊNCIA SONORA OU MUSICAL ALUNOS COM DESTACADA INTELIGÊNCIA CINESTÉSICA.


DESCREVENDO AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NOS ALUNOS

 • Observações e listas de verificações; • Reunir documentos; • Examinar os registros escolares; • Conversar com outros professores; • Conversar com os pais; • Perguntar aos alunos; • Preparar atividades especiais. 


PROFESSOR DE IM X PROFESSOR TRADICIONAL

Tradicional: faz uma apresentação expositiva para a turma, escreve na lousa, faz perguntas aos alunos e espera enquanto os alunos terminam seu trabalho escrito. Inteligência Múltiplas: o professor muda continuamente seu método de apresentação, de linguístico para espacial e para musical, e assim por diante, combinando as inteligências de maneira criativa. A teoria das IM inclui essencialmente aquilo que os bons professores sempre fizeram em seu ensino: ir além do texto e do quadro negro para despertar a mente dos alunos.


O QUE A TEORIA OFERECE AOS PROFESSORES?

Oferece uma maneira para todos os professores refletirem sobre seus métodos de ensino e compreenderem por que esses métodos funcionam ou porque funcionam bem para alguns alunos e para outros não. Ajuda os professores a expandirem seu atual repertório de ensino, de modo a incluir uma variedade mais ampla de métodos, materiais e técnicas e atingir uma gama cada vez maior e mais diversa de aprendizes.

FOLHA DE PLANEJAMENTO DE IM Lógico-matemática 
INTELIGÊNCIAS Espacial Musical Corporal - Cinestésica Interpessoal Intrapessoal Naturalista Lingüística.

PERGUNTAS DE PLANEJAMENTO DE IM

Como posso introduzir números, cálculos, lógica, classificações ou habilidades de pensamento crítico? OBJETIVO Como posso usar recursos visuais, visualização, cor, arte ou metáfora? Como posso introduzir a música ou os sons ambientais? Como posso envolver todo o corpo ou usar experiências práticas? Como posso usar a palavra falada ou escrita? Como posso incluir a natureza? Como posso evocar memórias pessoais ou deixar os alunos escolherem? Como posso fazer com que os alunos compartilhem coisas com os colegas?

MATERIAIS E MÉTODOS BÁSICOS DE ENSINO QUE PRIVILEGIAM TODAS AS DIFERENTES INTELIGÊNCIAS DOS ALUNOS. 

INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA
 Palestras; • Discussões em grupos; • Livros; • Folhas de respostas; • Manuais; • Atividades escritas; • Jogos de palavras; • Debates; • Trabalho com a leitura; • Criação de textos escritos; • Participação oral espontânea; • Apresentação expositiva dos alunos.

INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA
Problemas matemáticos no quadro; • Demonstrações científicas; • Exercícios de resolução de problemas; • Criação de códigos; • Apresentação sequencial de um assunto; • Enigmas e jogos lógicos.

INTELIGÊNCIA ESPACIAL
Gráficos, diagramas e mapas; • Fotografias; • Vídeos, slides e filmes; • Narração imaginativa de histórias; • Pintura, colagem e outras artes visuais; • Apreciação artística; • Labirintos e quebra-cabeças visuais.

INTELIGÊNCIA CORPORAL CINESTÉSICA
Mímica; • Jogos competitivos e cooperativos; • Atividades de educação física; • Exercícios de relaxamento físico; • Uso da linguagem corporal; • Uso da linguagem de sinais para se comunicar.

INTELIGÊNCIA MUSICAL
Tocar música gravada; • Cantar ou assoviar; • Tocar algum instrumento musical; • Cantar em grupo; • Usar música de fundo; • Criação de melodias; • Vincular melodias antigas e conceitos; • Apreciação musical.

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL
Interação; • Programas interativos; • Festas e reuniões sociais como um contexto de aprendizagem; • Envolvimento na comunidade; • Ensinar os colegas; • Mediação de conflitos; • Clubes acadêmicos.

INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL
Estudo independente; • Projetos e jogos individualizados; • Espaços privados para estudo; • Instrução programada de auto-estudo; • Manutenção de um diário; • Atividades de auto-estima; • Exposição a currículos inspirativos e motivadores.

 INTELIGÊNCIA NATURALISTA
Aquários e outros ecossistemas portáteis; • Jardinagem; • Animal de estimação na sala de aula; • Instrumentos para estudar a natureza; • Plantas como acessórios; • Caminhadas ao ar livre; • Estação meteorológica na sala de aula.

 ALERTA
Não existe um conjunto de estratégias de ensino que funciona melhor para todos os alunos. Cada criança tem inclinações e diferentes inteligências, de modo que qualquer estratégia será muito bem-sucedida com um grupo de alunos e nem tão bem-sucedida com outros... 


                                          

PARA ACESSAR A APRESENTAÇÃO CLIQUE AQUI

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2001.
ARMSTRONG, Thomas. Inteligências Múltiplas na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2001. 
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

sábado, 1 de novembro de 2014

CONCEITOS CENTRAIS DAS TEORIAS DE PIAGET, VYGOTSKY E WALLON

Um estudo comparativo entre: Piaget, Vygotsky e Wallon.

Autor: Arlindo Nascimento Rocha[1]

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo comparativo entre três grandes teóricos da Educação: Piaget, Vigotsky e Wallom. 

OBJETIVOS:
Identificar os conceitos básicos da teoria de cada pensador;
Estabelecer as semelhanças e diferenças entre ambos pensadores. 



INTRODUÇÃO
Falar de Piaget, Vygotsky e Wallon é nos remeter a teorias que até hoje ajudam a professores e pesquisadores sobre o processamento da inteligência, do aprendizado e de desenvolvimento. A contribuição de cada um é muito relevante, uma vez que, nos ajuda a ter uma visão mais abrangente de como se processa o desenvolvimento do ensino e aprendizagem, embora, ambos nos mostram aspeto distintos, e, outras vezes semelhanças. Isso nos leva a confirmar mais uma vez que não existem teorias últimas, mas sim teorias, e por isso, é preciso conhecê-las para poder usá-las sempre que necessário.


APRESENTAÇÃO RESUMIDA DAS TEORIAS DE PIAGET, VIGOTSKY E WALLON


JEAN PIAGET

Formado em Biologia, Piaget especializou-se nos estudos do conhecimento humano, concluindo tendo desenvolvido a teoria conhecida por Epistemologia Genética. Sua principal questão é: Como o ser humano constrói o conhecimento? Ele elabora sua teoria através de observação empírica e elabora os seguintes conceitos básicos: 

ASSIMILAÇÃO - incorporação as experiências ou objetos às estratégias ou conceitos já existentes;
ACOMODAÇÃO - modificação e ajustamento dos esquemas em função de novas experiências ou informações;
EQUILIBRAÇÃO - fator essencial e determinante no desenvolvimento do sujeito ao processo de adaptação ao meio em que vive.


ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO:
SENSÓRIO-MOTOR - do nascimento a cerca de 18-24 meses;

PRÉ-OPERATÓRIO - aproximadamente entre 2 e 6/7 anos;
OPERATÓRIO CONCRETO - aproximadamente 7/8 até os 11/12 anos;
OPERATÓRIO FORMAL - a partir de 11/12 anos em diante.

IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS: A aprendizagem depende do processo de desenvolvimento cognitivo; O papel da escola é dar à criança oportunidade de agir sobre os objetos de conhecimento; O papel do professor um agente facilitador e desafiador de seus processos de elaboração; A criança é quem constrói seu próprio conhecimento.

LEV VYGOTSKY




Vygotsky levantou a questão da relação entre ensino e a aprendizagem escolar e desenvolvimento cognitivo. Ele fala muito da escola, dos professores e da interação pedagógica. Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os outros.

CONCEITOS CENTRAIS: 
Abordagem Histórico/Social; Forma de produção de trabalho humano e cultura; Mundo Histórico/Sujeito Histórico.
DO BIOLÓGICO PARA O HISTÓRICO SOCIAL

OS INSTRUMENTOS: tudo que se interpõe entre o homem e o ambiente, ampliando e modificando suas formas de ação; 

OS SIGNOS: tudo que é utilizado pelo homem para representar, evocar ou tomar presente o que está ausente constitui um signo: a palavra, o desenho e os símbolos. INTERNALIZAÇÃO processo interno de reconstrução de uma operação externa; 

INTERPSICOLÓGICO - relação entre indivíduos; INTRAPSICOLÓGICO - conexões com o que já temos de construção de conceitos.
PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO MUNDO CULTURAL: LINGUAGEM - a linguagem socializada; Linguagem egocêntrica; fala interna; 
O OUTRO SOCIAL - a interação social é a base do processo de aprendizagem humana; 
A METACOGNIÇÃO – a fala interna.


DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM 
O aprendizado impulsiona o desenvolvimento: 

Nível (Zona) de desenvolvimento real: capacidade de realizar tarefas de forma independente;
Zona de desenvolvimento proximal: é o que está em processo de amadurecimento, o que ainda não construí e não construo sozinho.
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA  
O conhecimento na sala de aula é um processo social e compartilhado; 
O professor serve como guia no processo da aprendizagem; o aluno é o sujeito da aprendizagem, aquele que aprende junto ao outro.

HENRI WALLON


Segundo Wallon, a gênese da inteligência é biológica e social, ou seja, o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura. Seu projeto teórico foi estudar a gênese dos processos que constituem o psiquismo humano. Considerava que a escola deveria perceber a criança como um ser total, concreto e ativo e de manter-se em contato com o meio social.


CONCEITOS CENTRAIS:
Estágios do Desenvolvimento Mental: 
1º Estágio -  impulsivo-emocional, ocorre no 1° ano de vida.; 2º Estágio - sensório-motor e projetivo: vai até os 3 anos; 
3º Estágio - personalismo: dos 3 aos 6 anos; 
4º Estágio - categorial: (6-11/12 anos); 
5º Estágio - predominância funcional; emoção: afetividade precede nitidamente o aparecimento das condutas; 
O Movimento: as necessidades cinéticas, de movimento, e as necessidades posturais são imprescindíveis ao desenvolvimento infantil.

CONTRIBUIÇÕES

O papel do outro na construção do conhecimento é indiscutível. O professor deixa de ser o agente exclusivo na formação das crianças. A interação com as outras crianças assume um papel fundamental no desenvolvimento e aprendizagem de cada uma delas. O movimento é imprescindível ao desenvolvimento da criança. A brincadeira assume um lugar essencial no desenvolvimento da criança. A emoção ocupa um lugar privilegiado no desenvolvimento do sujeito, em especial da criança; os conflitos, crises e contradições são pontos fecundos para a compreensão da pessoa humana. 


SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
Em relação a construção do conhecimento, para Piaget o conhecimento se dá a partir da relação do sujeito com o objeto dependendo do grau de desenvolvimento das suas estruturas cognitivas. Para Vygotsky que focou sua teoria na escola deixando claro os seguintes aspetos: Primeiro que o ser humano era um ser Filogenético, fazia parte de uma espécie; segundo que esse ser humano também era Ontogenético, nascia, crescia e morria; e que esse também era Microgenético, que por mais que sejam parecidos em alguns aspectos existem fatores genéticos individuais desse individuo. Para Wallon o desenvolvimento se dá também em estágios mas que são diferentes da Teoria Piagetiana. Wallon além de dar importância ao corpo da criança e a maturação biológica, considera importantíssima a emoção sendo a mesma fator principal em sua teoria, a observação é o método primordial, é a tentativa de entender o processo de desenvolvimento da criança.


Relativamente aos estágios de desenvolvimento, tanto Piaget como Wallon discorreram sobre o assunto. Na teoria de Piaget os estágios se dividem em quatro, enquanto para Wallon o desenvolvimento se dá em estágios, só que na sua teoria o individuo pode continuar em dois estágios, ou seja, um estágio encontra-se dentro do outro. Já Vygotsky nos dá o suporte teórico enfatizando a importância do meio cultural e das relações entre os sujeitos imersos num contexto histórico e a ênfase em seus processos de transformação.


O desenvolvimento humano, no modelo piagetiano, é explicado segundo o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer; Vygotsky irá nos trazer o que chamamos mediação simbólica que é feita através dos signos que são construídos culturalmente e que são compartilhados por todos, Wallon por mais que reconheça o fator orgânico, biológico como Piaget relata que o mesmo é a primeira condição no desenvolvimento do pensamento, sendo o primeiro, mas não o único.

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[1] Pós-Graduando na Universidade Católica de Petrópolis-RJ

domingo, 26 de outubro de 2014

Coleção Grandes Educadores - PIAGET





Jean Piaget (1896-1980) foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança. 

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.



Aprendizado e Desenvolvimento: um processo Sócio - Histórico - Marta Koh...



O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) morreu há mais de 70 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. "Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea", diz Teresa Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da argentina Emilia Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos.

A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.




Coleção Grandes Educadores - Henri Wallon



Falar que a escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças é comum hoje em dia. No início do século passado, porém, essa idéia foi uma verdadeira revolução no ensino. Uma revolução comandada por um médico, psicólogo e filósofo francês chamado Henri Wallon (1879-1962). Sua teoria pedagógica, que diz que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento. 

Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. Ou seja, "a própria negação do ensino". 

As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

EDUCAÇÃO E AUTO-CONHECIMENTO


Educação e Auto-Conhecimento



Arlindo Nascimento Rocha

“Se a sociedade nos abandona, a solidão é tratável, mas se nós, mesmos nos abandonamos, ela é quase incurável.” A.Cury.


É comum as pessoas interrogarem sobre a responsabilidade da educação dos filhos/alunos. Pais ausentes muitas vezes responsabilizam a escola pela boa ou má educação dos filhos, e, por sua vez, as escolas se defendem com certa razão de que a educação começa em casa, então, é tarefa dos pais e da família, educar os filhos, cabendo à escola a tarefa de transmitir conhecimentos. Não querendo corroborar com nenhuma dessas teses, pessoalmente, acho que a responsabilidade da educação é de todos, família, escola e sociedade. A educação começa na família e continua tanto na escola bem como a sociedade, mediante o estabelecimento de relações interpessoais significativas. A escola deve ser vista como um complemento da educação familiar.

Não podemos continuar loteando nossos filhos, por isso, pais, educadores e a sociedade têm responsabilidades sobre o futuro emocional, social e intelectual dos mesmos, excluindo assim, a pretensão de alguns pais em terceirizar a educação dos filhos, atribuindo à escola uma responsabilidade que também é deles.

Muitos pais perderam o respeito e a capacidade de educar porque não entendem os comportamentos espontâneos dos seus filhos. Muitos querem ensinar seus filhos a serem pacientes, mas eles mesmos são impulsivos, ou ensiná-los a ser flexíveis quando eles mesmos são engessados e rígidos. O exemplo não é só uma boa forma de educar, é a mais poderosa e eficiente. O exemplo grita muito mais que as palavras... Devemos plantar janelas light objetivando contribuir para a formação de mentes livres e emocionalmente saudáveis.     

Porém, como e sabido, a educação clássica ensina aos alunos, desde a pré-escola à pós-graduação, milhões de informações sobre o mundo e que vivemos, mas, não ensina quase nada sobre os fenômenos que nos tornam seres pensantes.  Com as devidas exceções, homens e mulheres com diplomas nas mãos, sem proteção emocional, sem a capacidade reflexiva e questionadora, passivos, sem habilidades para lidar com perdas e frustrações, sem capacidade mínima de filtrar estímulos estressantes e de ser líderes de si mesmos.

Um dos grandes desafios da educação do sec. XX deveria estar embasada em práticas que levassem a descoberta e ao entendimento do próprio “eu”, e dos seus papeis fundamentais. Porém, cotidianamente, usamos a palavra “eu” sem ter a compreensão a sua verdadeira dimensão, suas habilidades e funções vitais.

Segundo A. Cury existem pelo menos vinte e cinco papéis vitais que ajudam a desenvolver e a honrar a condição de homo sapiens, ou seja, um ser pensante.

Na impossibilidade de fazer uma listagem exaustiva desses vinte e cinco papéis, elucidarei alguns, não por serem os mais importantes, mas pela sua pertinência, começando pela: “capacidade de criar pontes, ou, seja, saber que toda a mente é um cofre, que não há mentes impenetráveis, mas chaves erradas; aprender a dialogar e a transferir o capital das experiências, e não apenas comentar o trivial; reciclar a influência do sistema social que nos torna meros números no tecido social, e não seres humanos complexos, desenvolver o altruísmo, solidariedade e tolerância inclusive conseguem mesmo; gerenciar a lei do menos e do maior esforço e educar-se com todas as vinte e quatro funções mais complexas da inteligência, para desenvolver a mais notável delas: ser o autor da sua própria história ou gestor da sua mente”.

Para o desenvolvimento dessas habilidades, a mediação do professor torna-se indispensável, que segundo Cury, são os profissionais mais importantes e ao mesmo tempo desvalorizados, o que tem levado o sistema educativo mundial a um estado agonizante, formando alunos imaturos e despreparados para serem líderes de si mesmos numa sociedade digital.

Ainda estamos presos a uma educação clássica em que o “eu” não é organizado, treinado e preparado para ser gestor psíquico, torna-se um mero realizador de tarefas: “eu fiz, eu faço, eu farei” ou “eu desejei, eu desejo, eu desejarei”, esse tipo de “eu” é imaturo e serviçal, sujeito a obedecer  ordens, sem consciência de seus papéis essenciais, contrariamente ao “eu” saudável inteligente, autônomo, autoconsciente e autocrítico.    

No se livro “Ansiedade: como enfrentar o mal do século”, A. Cury, explicita os seis tipos de eu: o eu gerente, que engloba as pessoas que aprenderam a gerenciar seus pensamentos e a exercer a arte de questionar, de duvidar dos pensamentos perturbadores, que critica as falsas crenças e determina ou decide estrategicamente onde quer chegar; o eu viajante ou desconectado, que engloba as pessoas que perderam os parâmetros a realidade, vivendo assim, imersos em seu psiquismo, pensando, imaginando e fantasiando; o eu flutuante, que são as pessoas que não tem ancora, segurança, estabilidade, clareza sobre onde está e onde quer chegar, não tendo a capacidade de exercer a capacidade de escolha autônoma e consciente, enfim, são pessoas que casam transtorno nas próprias relações, e perturbam a tranquilidade dos outros; o eu engessado, que são pessoas rígidas, fechadas, inflexíveis que vivem entediados e entediando seus íntimos. Defendem radicalmente suas convicções e não abre espaço para respeitar o diferente; o eu autossabotador, que são pessoas que vão contra a liberdade, conspira contra o seu prazer de viver, sua tranquilidade e seu êxito profissional e social. Um eu que sabota sua própria felicidade, pode ser ótimo para outros, mas péssimo para si próprio pode ser tolerante com os amigos, mas implacável consigo mesmo e raramente se dá uma nova chance, e, finalmente, o eu acelerado, onde estão incluídos um grande número de pessoas em todo mundo, em todas as sociedade modernas, de crianças a idosos que se entulham de informações, atividades e preocupações, fato que levou ao aparecimento da Síndrome do Pensamento Acelerado, que se tornou o grande mal do século, gerando péssima qualidade de vida, insatisfação crônica, retração da criatividade, doenças psicossomáticas, transtorno nas reações interpessoais, e consequentemente transtornos na relação consigo mesmo.             

Apesar da postura do eu revelar níveis de criatividade, maturidade, racionalidade, resiliência, capacidade de se adaptar as mudanças, de proteger a psique e de superar conflitos, não podemos esquecer de que, tanto na psiquiatra, bem como na psicóloga e na pedagogia, aliás, como em qualquer outra ciência que tenha como objeto de estudo o homem e o seu comportamento, nada é imutável.

Por isso, jamais podemos esquecer de que não existem soluções mágicas, então é necessária uma nova agenda para formar núcleos de habitação do eu. São necessários exercícios de educação diários para nos fortalecer mentalmente e preparar para novos desafios e novas conquistas.

Referencia:
CURY, Augusto “Ansiedade, Como Enfrentar o Mal do Século”: A síndrome do pensamento Acelerado: como e porque a humanidade, adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos Augusto Cury. 1. ed. São Paulo: Saraiva 2014


EDUCAÇÃO E AUTO-CONHECIMENTO





Arlindo Nascimento Rocha

                                                           Filosofia: http://blaisepascalogenio.blogspot.com.br/
                                          Educação: http://docenteinovador.blogspot.com.br/

  


Educação e Auto-conhecimento.

“Se a sociedade nos abandona, a solidão é tratável, mas se nós, mesmos nos abandonamos, ela é quase incurável.” A.Cury.


É comum as pessoas interrogarem sobre a responsabilidade da educação dos filhos/alunos. Pais ausentes muitas vezes responsabilizam a escola pela boa ou má educação dos filhos, e, por sua vez, as escolas se defendem com certa razão de que a educação começa em casa, então, é tarefa dos pais e da família, educar os filhos, cabendo à escola a tarefa de transmitir conhecimentos. Não querendo corroborar com nenhuma dessas teses, pessoalmente, acho que a responsabilidade da educação é de todos, família, escola e sociedade. A educação começa na família e continua tanto na escola bem como a sociedade, mediante o estabelecimento de relações interpessoais significativas. A escola deve ser vista como um complemento da educação familiar. 

Não podemos continuar loteando nossos filhos, por isso, pais, educadores e a sociedade têm responsabilidades sobre o futuro emocional, social e intelectual dos mesmos, excluindo assim, a pretensão de alguns pais em terceirizar a educação dos filhos, atribuindo à escola uma responsabilidade que também é deles. 

Muitos pais perderam o respeito e a capacidade de educar porque não entendem os comportamentos espontâneos dos seus filhos. Muitos querem ensinar seus filhos a serem pacientes, mas eles mesmos são impulsivos, ou ensiná-los a ser flexíveis quando eles mesmos são engessados e rígidos. O exemplo não é só uma boa forma de educar, é a mais poderosa e eficiente. O exemplo grita muito mais que as palavras... Devemos plantar janelas light objetivando contribuir para a formação de mentes livres e emocionalmente saudáveis.   
   
Porém, como e sabido, a educação clássica ensina aos alunos, desde a pré-escola à pós-graduação, milhões de informações sobre o mundo e que vivemos, mas, não ensina quase nada sobre os fenômenos que nos tornam seres pensantes.  Com as devidas exceções, homens e mulheres com diplomas nas mãos, sem proteção emocional, sem a capacidade reflexiva e questionadora, passivos, sem habilidades para lidar com perdas e frustrações, sem capacidade mínima de filtrar estímulos estressantes e de ser líderes de si mesmos.

Um dos grandes desafios da educação do sec. XX deveria estar embasada em práticas que levassem a descoberta e ao entendimento do próprio “eu”, e dos seus papeis fundamentais. Porém, cotidianamente, usamos a palavra “eu” sem ter a compreensão a sua verdadeira dimensão, suas habilidades e funções vitais. 

Segundo A. Cury existem pelo menos vinte e cinco papéis vitais que ajudam a desenvolver e a honrar a condição de homo sapiens, ou seja, um ser pensante. 

Na impossibilidade de fazer uma listagem exaustiva desses vinte e cinco papéis, elucidarei alguns, não por serem os mais importantes, mas pela sua pertinência, começando pela: “capacidade de criar pontes, ou, seja, saber que toda a mente é um cofre, que não há mentes impenetráveis, mas chaves erradas; aprender a dialogar e a transferir o capital das experiências, e não apenas comentar o trivial; reciclar a influência do sistema social que nos torna meros números no tecido social, e não seres humanos complexos, desenvolver o altruísmo, solidariedade e tolerância inclusive conseguem mesmo; gerenciar a lei do menos e do maior esforço e educar-se com todas as vinte e quatro funções mais complexas da inteligência, para desenvolver a mais notável delas: ser o autor da sua própria história ou gestor da sua mente”.

Para o desenvolvimento dessas habilidades, a mediação do professor torna-se indispensável, que segundo Cury, são os profissionais mais importantes e ao mesmo tempo desvalorizados, o que tem levado o sistema educativo mundial a um estado agonizante, formando alunos imaturos e despreparados para serem líderes de si mesmos numa sociedade digital. 

Ainda estamos presos a uma educação clássica em que o “eu” não é organizado, treinado e preparado para ser gestor psíquico, torna-se um mero realizador de tarefas: “eu fiz, eu faço, eu farei” ou “eu desejei, eu desejo, eu desejarei”, esse tipo de “eu” é imaturo e serviçal, sujeito a obedecer  ordens, sem consciência de seus papéis essenciais, contrariamente ao “eu” saudável inteligente, autônomo, autoconsciente e autocrítico.    

No se livro “Ansiedade: como enfrentar o mal do século”, A. Cury, explicita os seis tipos de eu: o eu gerente, que engloba as pessoas que aprenderam a gerenciar seus pensamentos e a exercer a arte de questionar, de duvidar dos pensamentos perturbadores, que critica as falsas crenças e determina ou decide estrategicamente onde quer chegar; o eu viajante ou desconectado, que engloba as pessoas que perderam os parâmetros a realidade, vivendo assim, imersos em seu psiquismo, pensando, imaginando e fantasiando; o eu flutuante, que são as pessoas que não tem ancora, segurança, estabilidade, clareza sobre onde está e onde quer chegar, não tendo a capacidade de exercer a capacidade de escolha autônoma e consciente, enfim, são pessoas que casam transtorno nas próprias relações, e perturbam a tranquilidade dos outros; o eu engessado, que são pessoas rígidas, fechadas, inflexíveis que vivem entediados e entediando seus íntimos. Defendem radicalmente suas convicções e não abre espaço para respeitar o diferente; o eu autossabotador, que são pessoas que vão contra a liberdade, conspira contra o seu prazer de viver, sua tranquilidade e seu êxito profissional e social. Um eu que sabota sua própria felicidade, pode ser ótimo para outros, mas péssimo para si próprio pode ser tolerante com os amigos, mas implacável consigo mesmo e raramente se dá uma nova chance, e, finalmente, o eu acelerado, onde estão incluídos um grande número de pessoas em todo mundo, em todas as sociedade modernas, de crianças a idosos que se entulham de informações, atividades e preocupações, fato que levou ao aparecimento da Síndrome do Pensamento Acelerado, que se tornou o grande mal do século, gerando péssima qualidade de vida, insatisfação crônica, retração da criatividade, doenças psicossomáticas, transtorno nas reações interpessoais, e consequentemente transtornos na relação consigo mesmo.             

Apesar da postura do eu revelar níveis de criatividade, maturidade, racionalidade, resiliência, capacidade de se adaptar as mudanças, de proteger a psique e de superar conflitos, não podemos esquecer de que, tanto na psiquiatra, bem como na psicóloga e na pedagogia, aliás, como em qualquer outra ciência que tenha como objeto de estudo o homem e o seu comportamento, nada é imutável. 

Por isso, jamais podemos esquecer de que não existem soluções mágicas, então é necessária uma nova agenda para formar núcleos de habitação d eu. São necessários exercícios de educação diários para nos fortalecer mentalmente e preparar para novos desafios e novas conquistas.

Referencia:
CURY, Augusto “Ansiedade, Como Enfrentar o Mal do Século”: A síndrome do pensamento Acelerado: como e porque a humanidade, adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos Augusto Cury. 1. ed. São Paulo: Saraiva 2014