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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Conceito e pressupostos da Orientação Educacional



O Orientador Educacional, antes era visto como o responsável por encaminhar os estudantes considerados "problemáticos" aos psicólogos. Entretanto, com o passar dos anos ganhou uma nova função, perdeu o antigo e pejorativo rótulo de delegado e hoje trabalha para intermediar os conflitos escolares e ajudar os professores a lidar com alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem e comportamento.

Literalmente, a orientação é um ato ou um processo de orientar. A semântica do termo orientar nos diz que ele significa “guiar, dirigir, indicar o rumo”, mas que pode ser empregado no sentido de “reconhecer a situação do lugar que se acha para ser guiado no caminho” ou mesmo no de “examinar cuidadosamente os diferentes aspectos de uma questão” (SILVEIRA, 1955, p. 809). Enquanto no primeiro caso, o ato de orientar parece permanecer exterior ao sujeito, traduzindo uma certa conotação de heteronomia, nos demais significados, a ênfase parece repousar muito mais na atividade de um sujeito que, em vez de sofrer o processo e se declarar orientado, assume seu papel de agente e, por isso, se diz orientando.
Segundo Goldberg, a orientação educacional é uma prática humana tão velha quanto a própria humanidade. Em verdade, ela tornou-se uma empresa florescente, logo após o nascimento do primeiro rebento de Adão, assim pais, chefes de tribos, e seus agentes educativos tem assumido a responsabilidade pela direção dos jovens, dos fracos e dos aflitos e, áreas como desenvolvimento moral, escolha vocacional e treinamento, desde o começo do mundo. Placco (1994, p. 30),   

Conceitua a orientação educacional como um processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os educadores que nela atuam – especialmente os professores – para que, na formação desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha por que passam, os fatores socioeconômico-político-ideológicos e éticos que o permeiam e os mecanismos por meio dos quais ele possa superar a alienação proveniente de nossa organização social, tornando-se, assim, um elemento consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação. 

Todos eles têm a responsabilidade em grau maior ou menor para uma orientação do tipo conselheira: seus agentes em nome de prestigio e de sua autoridade de que são investidos socialmente buscam através de “conselhos” encaminharem os leigos, os inexperientes, os ingênuos, para determinados fins considerados valiosos pelos “orientadores”.

Mas, só na primeira década do século XXI é que sob a pressão de necessidades sociais, se destaca, do fundo indiviso da orientação, uma nova prática de orientação, como atividade profissional específica. Esta se define agora, assistência técnica proporcionada pelo orientador ao orientando, com o objetivo de desenvolver, neste último, de forma racional e responsável.

Tanto uma como outra sempre buscaram controlar e modificar o comportamento humano, a diferença entre ambas residindo, sobretudo, nas estratégias e nos objetivos da ação. Enquanto a orientação “conselheira” busca dirigir o orientando para certas decisões que o orientador definiu a priori como valiosas, a orientação busca assistir o orientando no processo decisório, não para que ele chegue necessariamente às mesmas decisões, que o orientador considera valiosas, mas para que ele desenvolva uma metodologia da escolha racional e responsável. A orientação interessa produzir indivíduos que sejam capazes de decidir tendo em vista o máximo de conhecimento possível dos fatores e alternativas em jogo (racionalidade) e assumindo todas as consequências de sua decisão (responsabilidade).

Em outras palavras: o modelo de homem que a Orientação privilegia é o daquele que sabe tomar decisões de forma crítica e não o daquele que as toma ingenuamente. Para usar da clássica distinção da orientação integrada a “educação de processo” enquanto a orientação integra a “educação de produto”.  Daí, partimos do princípio que, a orientação educacional tem como pressuposto básico o da liberdade de escolha e de pensamento criativo, reflexivo e consciente.

Referências

GOLDBERG, Maria Amélia Azevêdo. A profissão de orientador educacional. Cadernos de Pesquisa 10 (1974): 38-40.  

PLACCO, V. M. N. S. Formação e prática do educador e do orientador. 1ª Edição. Campinas, SP: Papirus, 1994.

SILVEIRA, Bueno. Orientador [ definição]. In ______ Dicionário escolar de língua portuguesa. - Rio de Janeiro, Ministério da educação e cultura, 1955.

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