O Orientador Educacional, antes era visto como o responsável por encaminhar os estudantes considerados "problemáticos" aos psicólogos. Entretanto, com o passar dos anos ganhou uma nova função, perdeu o antigo e pejorativo rótulo de delegado e hoje trabalha para intermediar os conflitos escolares e ajudar os professores a lidar com alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem e comportamento.
Literalmente, a orientação
é um ato ou um processo de orientar. A semântica do termo orientar nos diz que
ele significa “guiar, dirigir, indicar o
rumo”, mas que pode ser empregado no sentido de “reconhecer a situação do lugar que se acha para ser guiado no caminho”
ou mesmo no de “examinar cuidadosamente
os diferentes aspectos de uma questão” (SILVEIRA, 1955, p. 809). Enquanto no
primeiro caso, o ato de orientar parece permanecer exterior ao sujeito,
traduzindo uma certa conotação de heteronomia, nos demais significados, a
ênfase parece repousar muito mais na atividade de um sujeito que, em vez de
sofrer o processo e se declarar orientado, assume seu papel de agente e, por
isso, se diz orientando.
Segundo Goldberg, a orientação educacional é uma prática humana tão
velha quanto a própria humanidade. Em verdade, ela tornou-se uma empresa
florescente, logo após o nascimento do primeiro rebento de Adão, assim pais,
chefes de tribos, e seus agentes educativos tem assumido a responsabilidade
pela direção dos jovens, dos fracos e dos aflitos e, áreas como desenvolvimento
moral, escolha vocacional e treinamento, desde o começo do mundo.
Placco (1994, p. 30),
Conceitua
a orientação educacional como um processo social desencadeado dentro da escola,
mobilizando todos os educadores que nela atuam – especialmente os professores –
para que, na formação desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir,
a identificar o processo de escolha por que passam, os fatores
socioeconômico-político-ideológicos e éticos que o permeiam e os mecanismos por
meio dos quais ele possa superar a alienação proveniente
de nossa organização social, tornando-se, assim, um elemento consciente e
atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação.
Todos eles têm a responsabilidade em
grau maior ou menor para uma orientação do tipo conselheira: seus agentes em
nome de prestigio e de sua autoridade de que são investidos socialmente buscam
através de “conselhos” encaminharem os leigos, os inexperientes, os ingênuos,
para determinados fins considerados valiosos pelos “orientadores”.
Mas, só na primeira década do século XXI é
que sob a pressão de necessidades sociais, se destaca, do fundo indiviso da
orientação, uma nova prática de orientação, como
atividade profissional específica. Esta se define agora, assistência técnica proporcionada
pelo orientador ao orientando, com o objetivo de desenvolver, neste último, de
forma racional e responsável.
Tanto uma como outra sempre buscaram
controlar e modificar o comportamento humano, a diferença entre ambas residindo,
sobretudo, nas estratégias e nos objetivos da ação. Enquanto a orientação
“conselheira” busca dirigir o orientando para certas decisões que o orientador
definiu a priori como valiosas, a orientação busca assistir o orientando no
processo decisório, não para que ele chegue necessariamente às mesmas decisões,
que o orientador considera valiosas, mas para que ele desenvolva uma
metodologia da escolha racional e responsável. A orientação interessa produzir
indivíduos que sejam capazes de decidir tendo em vista o máximo de conhecimento
possível dos fatores e alternativas em jogo (racionalidade) e assumindo todas
as consequências de sua decisão (responsabilidade).
Em outras palavras: o modelo de homem
que a Orientação privilegia é o daquele que sabe tomar decisões de forma crítica
e não o daquele que as toma ingenuamente. Para usar da clássica distinção da orientação
integrada a “educação de processo” enquanto a orientação integra a “educação de
produto”. Daí, partimos do princípio
que, a orientação educacional tem como pressuposto básico o da liberdade de
escolha e de pensamento criativo, reflexivo e consciente.
Referências
GOLDBERG, Maria Amélia Azevêdo. A profissão de orientador educacional. Cadernos de Pesquisa 10 (1974): 38-40.
PLACCO, V. M. N. S. Formação e prática
do educador e do orientador. 1ª Edição. Campinas, SP: Papirus, 1994.
SILVEIRA, Bueno. Orientador [ definição]. In ______ Dicionário escolar de língua portuguesa. - Rio de Janeiro, Ministério da educação e cultura, 1955.
SILVEIRA, Bueno. Orientador [ definição]. In ______ Dicionário escolar de língua portuguesa. - Rio de Janeiro, Ministério da educação e cultura, 1955.
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