"O homem não é um ser-substância de quem poderíamos descrever e coisificar as atitudes comportamentais. Não é um ser estático e acabado, cujo comportamento teria o privilégio de assemelhar-se à sua essência, isto é, a uma definição de seu ser inscrita na "natureza humana". Porque antes de constituir um ente como outro qualquer, o homem é um existente que se constrói constantemente por sua presença no mundo: é um ser histórico, em devir, que sempre se coloca em questão". JAPIASSU, Hilton.
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segunda-feira, 12 de abril de 2021
SOBRE O SENTIDO DA VIDA
Refletido sobre o que aconteceu hoje (11/04/21) na nossa Cidade de Niterói, logo pensei em um artigo que escrevi em 2016 e que está no meu primeiro livro "ENTRETEXTOS" (2017), cujo título é: "RESPONSABILIDADE DE GRUPO: RESPONSABILIDADE GERAL E INDIVIDUAL"
QUEM É O HOMEM?
sábado, 3 de abril de 2021
Educação em tempos de pandemia
O modelo educacional eurocêntrico pela
qual fomos formados tem como premissa básica, o individualismo, ou seja, a
supervalorização do individuo. Desde muito cedo fomos estimulados a vencer
sempre, a ser o melhor da turma, a ter as melhores notas, a sermos o centro das
atenções. Isso fez com que a convivência com os outros passasse a ser mais competição
e menos cooperação.
Aos poucos fomos persuadidos/conduzidos
a construir uma ameaça real sobre o planeta, entendida como a tirania do “Eu”,
atitudes que hoje são absolutamente normais entre seres humanos, principalmente
em tempos de pandemia.
Nesse sentido a valorização dessa
competição estéril, condicionou nossa forma de pensar e agir, ou seja, nós nos
colocamos no centro do cosmos, e, expressões como “eu penso”, “eu sou”, “eu
tenho”, “eu posso”, “eu quero”, “eu existo” são o reflexo de uma matriz
científico-filosófica que espelha claramente o antropocentrismo acéfalo que
coloca o individuo no centro do todo o processo de produção de conhecimento,
mas, esquece o coletivo, que é, sobretudo, o sustentáculo de todas as relações
interpessoais.
Fazemos parte de um sistema em que o
“ter” aniquilou o “Ser” e o homem, criatura desnaturada colocou-se no topo da
hierarquia dos seres viventes, quando na verdade fazemos parte do mesmo ecossistema
global, para qual não existe diferença entre um homem, uma formiga, uma planta
[...] mas, o homem desconhece isso.
Por isso, tornou-se absolutamente
complicado para o ser humano esquecer seu ‘eu’ e pensar no outro, ou seja,
colocar-se no lugar do outro. Essa educação eurocêntrica pela qual todos
passamos, está condenada ao fracasso em todas as dimensões, pois, o modelo não
responde mais às necessidades educacionais. Utopias como: igualdade, progresso,
respeito, liberdade, solidariedade, fraternidade, empatia (...) patinam sobre
possibilidades impossíveis de se concretizarem no cenário atual.
Urge então, uma alternativa educacional
inter-e-transpessoal o que implica necessariamente o autoconhecimento, ou seja,
a consciência da dimensão espiritual (coletivo) do ser humano na qual a unidade
do saber volta-se para o transcendente e não mais para o racionalismo, o mecanicismo
e o individualismo, uma vez que, estes apenas conduziram a desconsideração da
complexidade e da dimensão transcendente do ser humano.
Precisamos SER! Precisamos CRER!
sexta-feira, 2 de abril de 2021
A maldição das aglomerações
A atual crise existencial em que vivemos tem reflexos na política, na religião, na moral, na ética e nas infinitas formas com que nós nos relacionamos com os outros seres viventes. Essa crise faz com que nós não sejamos mais autores da nossa própria história, mas, apenas repetidores de padrões exteriores de comportamentos.
As conseqüências já são conhecidas,
pois, o Homem atual prefere a comodidade e a aprovação das massas ao protagonismo
do ‘Eu’. Esse Homem que esqueceu o seu ‘Eu’ reflete a incapacidade de lidar com
o sentimento de vazio que nos invadiu e corrói nossa existência a ponto de
querermos fugir de nós mesmos e procurar o amparo das multidões, ou seja, das grandes
aglomerações.
As multidões, como se sabe, têm como premissa
básica livrar-nos do tédio, da solidão e da angústia, estratégias mais do que
suficientes para alimentar nossa tendência a desviarmos de nós mesmos e
refugiar, em última instância, na estéril diversão, no jogo, na algazarra das
aglomerações, manifestações empíricas das nossas infinitas misérias existenciais.
No decorrer dos últimos tempos e,
especialmente, no último ano, fomos obrigados a aprender a conviver com a
tensão permanente entre a vida e a morte, o agora e o depois, o sim e o não, a
alegria e a tristeza, a harmonia e a desordem (...) paradoxos que só os que estão
agonizando numa CTI são capazes de superar, pois, nada além da vida é mais
importante.
Perante a luta pela vida, todos os
paradoxos dissolvem-se. Mas, apenas aqueles que dão por perdido a vida que não
merece ser vivida, a guardarão. Isso significa abrir mão das ilusões e das
distrações mundanas, das mais variadas formas de escapismos e das satisfações
fugazes desse breve instante que nos fomos convidados a permanecer na terra.
Precisamos urgentemente (re)descobrir esse
cenário cada vez mais complexo e desafiador em que cada biografia é feita de
lutas que não tem sua origem e destino no palco contingente da nossa telegráfica
existência.
Então, aproveitemos essa curta existência
e cuidemo-nos uns dos outros!