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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Supervisão Escolar no Século XX


No século XX a educação brasileira passou por vários processos de mudanças, em diversas áreas afins. Em meados do século passado a pedagogia tradicional começa a perder força no Brasil em virtude do movimento da educação nova, advinda de influencias dos movimentos sociais e políticos do século XIX e do desenvolvimento da biologia, psicologia e sociologia, tendo como base teórica a concepção cientifica da educação.

Assim, o movimento da escola nova orienta-se pela tecnização do campo pedagógico voltado para os fatores internos da instituição escolar: organização e administração do sistema de ensino, qualidade do ensino e novas técnicas de ensino obtidas nos recentes desenvolvimentos experimentais, segundo Libânio (2007, p. 48). Contudo, nos anos 50 inicia-se a propaganda de novas teorias educacionais originadas dos E.U. A e rotulados com a expressão "tecnicismo educacional", que criou força nos anos 70.

Na década de 70, surge a nomenclatura "supervisor escolar" com a lei 5.692/71 onde se acentua a idéia do gerenciamento dos sistemas escolares e escolas, com tentativas de dar um cunho empresarial à administração escolar e à sala de aula. Desse modo, percebe-se que o profissional ocupava o cargo de supervisor escolar, mas não conseguia desenvolver e identificar a função política e social que lhe cabia. Entretanto Nereide Saviani, ao defender sua dissertação de Mestrado sobre o tema: "Função técnica e função política do supervisor em educação", entrevistou supervisores da rede Municipal, Estadual e Particulares; tendo chegado a algumas conclusões: Nem sempre o supervisor se dá conta de que cumpre uma função política; se o supervisor não se dá conta de que cumpre uma função política, tampouco tem consciência de qual função é essa e, menos ainda, sabe explicitá-la; - Numa primeira análise, é possível dizer que a função política que os supervisores (em sua maioria) desempenham não é a que gostaria de estar desempenhando.

(Saviani, 2007, p. 32 a 33) Conforme os questionamentos referidos à função política da supervisão seja de modo geral ou particular, as habilitações pedagógicas careciam de especificidade tanto em termos teóricos como em termos práticos. Ainda de acordo com Saviani: Em termos teóricos porque não dispunham de um corpo próprio de conceitos, sendo, por exemplo, a chamada teoria da supervisão, um arranjo de conceitos que integravam às áreas básicas como Sociologia da Educação, Filosofia da Educação, Psicologia da Educação, História da Educação ou Didática. Em termos práticos essa falta de especificidade se traduzia na reversibilidade com que os diferentes "profissionais" ocupavam os postos da burocratização educacional, independentemente do tipo de habilitação constante de seus diplomas. (Saviani, 2007, p. 33).

É fundamental entender que nessa época para trabalhar como supervisor o importante era ter formação em educação, mais precisamente no curso de pedagogia; quanto à habilitação não era tão relevante. É nesse contexto conflituoso do século passado, que no final dos anos 70, o curso de Pedagogia ganha corpo, sobre a base de uma fundamentação teórica centrada nos fundamentos da educação com competências para exercer as diferentes atribuições dirigidas pelos sistemas de ensino visando um melhor funcionamento. Apesar de que o papel do supervisor educacional perpetue ainda em discussão, é bom compreender que apesar dos contratempos o supervisor tem desenvolvido sua função de modo a estar contribuindo para o melhor encaminhamento do processo educativo em nível de perspectivas futuras, isto é, nos dias atuais.

Visto que as reformas que aconteceram na educação não foram suficientes para dar suporte técnico/pedagógico em todo o campo socioeconômico e cultural da educação brasileira. Contudo, as lutas por uma educação de qualidade neste século foram importantíssimas, logo o compromisso de alguns educadores neste processo focalizava a inserção dos valores éticos e morais da época. Então no século XX, se passou a trabalhar com uma política democrática, sendo que no âmbito escolar esta democratização demorou a chegar; visto que, os supervisores estavam condicionados a uma política tradicional do sistema antigo, sabe-se que em algumas escolas eram os supervisores que administravam a instituição. Durante muitos anos os supervisores eram vistos como controladores das ações dos professores (esta ação controladora será discutida mais adiante). Entretanto, nos dias atuais alguns agem assim pelo poder que lhe cabe, porém, a democracia se expressa como condição fundamental para que a organização escolar se traduza em um ato coletivo atuante. Com a nova política do século XX, a participação democrática constitui uma forma significativa de promover maior aproximação entre os membros da escola reduzindo a desigualdade entre eles.

Busca-se então, neste novo cenário um supervisor voltado para as políticas inerentes às novas propostas de ensino estabelecidas pelo Ministério de Educação. Assim sendo, Scapin (2008, p. 22) justifica que: No período da democratização, a volta ao estado de direito foi lenta e progressivamente mostrando um viés novo para a compreensão de antigos problemas. Ao momento de crítica e revisão do processo político brasileiro se somou uma visão crítica da educação, da escola e da atuação de professores no sistema escolar brasileiro.

Ainda de acordo com a autora, os teóricos nos direcionam a pensar que as questões concretas que influenciaram a prática escolar não nasceram dentro delas (escola), mas, alimentam-se da sociedade como um todo. Entretanto, os processos educativos não são apenas implantados num determinado espaço – a escola está necessariamente envolvida com o contexto que a cerca, nesse contexto o supervisor pedagógico esta compreendido num conjunto de elementos que incluem o social, o político, o econômico, o histórico, o cultural. Enfim, o supervisor precisa compreender a estreita relação entre as práticas sociais e a sua prática escolar.

Fonte:http://2012faveni.files.wordpress.com/2012/05/o-papel-do-supervisor-escolar-e-sua-ac3a7c3a3o-pedagc3b3gica-nas-sc3a9ries-iniciais2.pdf

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