No século XX a educação
brasileira passou por vários processos de mudanças, em diversas áreas afins. Em
meados do século passado a pedagogia tradicional começa a perder força no
Brasil em virtude do movimento da educação nova, advinda de influencias dos
movimentos sociais e políticos do século XIX e do desenvolvimento da biologia,
psicologia e sociologia, tendo como base teórica a concepção cientifica da
educação.
Assim, o movimento da escola
nova orienta-se pela tecnização do campo pedagógico voltado para os fatores
internos da instituição escolar: organização e administração do sistema de
ensino, qualidade do ensino e novas técnicas de ensino obtidas nos recentes
desenvolvimentos experimentais, segundo Libânio (2007, p. 48). Contudo, nos
anos 50 inicia-se a propaganda de novas teorias educacionais originadas dos
E.U. A e rotulados com a expressão "tecnicismo educacional", que
criou força nos anos 70.
Na década de 70, surge a
nomenclatura "supervisor escolar" com a lei 5.692/71 onde se acentua a
idéia do gerenciamento dos sistemas escolares e escolas, com tentativas de dar
um cunho empresarial à administração escolar e à sala de aula. Desse modo,
percebe-se que o profissional ocupava o cargo de supervisor escolar, mas não
conseguia desenvolver e identificar a função política e social que lhe cabia.
Entretanto Nereide Saviani, ao defender sua dissertação de Mestrado sobre o
tema: "Função técnica e função política do supervisor em educação",
entrevistou supervisores da rede Municipal, Estadual e Particulares; tendo
chegado a algumas conclusões: Nem sempre o supervisor se
dá conta de que cumpre uma função política; se o supervisor não se dá conta de
que cumpre uma função política, tampouco tem consciência de qual função é essa
e, menos ainda, sabe explicitá-la; - Numa primeira análise, é possível dizer
que a função política que os supervisores (em sua maioria) desempenham não é a
que gostaria de estar desempenhando.
(Saviani, 2007, p. 32 a 33)
Conforme os questionamentos referidos à função política da supervisão seja de
modo geral ou particular, as habilitações pedagógicas careciam de especificidade
tanto em termos teóricos como em termos práticos. Ainda de acordo com Saviani: Em
termos teóricos porque não dispunham de um corpo próprio de conceitos, sendo,
por exemplo, a chamada teoria da supervisão, um arranjo de conceitos que
integravam às áreas básicas como Sociologia da Educação, Filosofia da Educação,
Psicologia da Educação, História da Educação ou Didática. Em termos práticos
essa falta de especificidade se traduzia na reversibilidade com que os
diferentes "profissionais" ocupavam os postos da burocratização educacional,
independentemente do tipo de habilitação constante de seus diplomas. (Saviani,
2007, p. 33).
É fundamental entender que
nessa época para trabalhar como supervisor o importante era ter formação em
educação, mais precisamente no curso de pedagogia; quanto à habilitação não era
tão relevante. É nesse contexto conflituoso do século passado, que no final dos
anos 70, o curso de Pedagogia ganha corpo, sobre a base de uma fundamentação
teórica centrada nos fundamentos da educação com competências para exercer as
diferentes atribuições dirigidas pelos sistemas de ensino visando um melhor funcionamento.
Apesar de que o papel do supervisor educacional perpetue ainda em discussão, é
bom compreender que apesar dos contratempos o supervisor tem desenvolvido sua
função de modo a estar contribuindo para o melhor encaminhamento do processo
educativo em nível de perspectivas futuras, isto é, nos dias atuais.
Visto que as reformas que
aconteceram na educação não foram suficientes para dar suporte
técnico/pedagógico em todo o campo socioeconômico e cultural da educação
brasileira. Contudo, as lutas por uma educação de qualidade neste século foram
importantíssimas, logo o compromisso de alguns educadores neste processo
focalizava a inserção dos valores éticos e morais da época. Então no século XX,
se passou a trabalhar com uma política democrática, sendo que no âmbito escolar
esta democratização demorou a chegar; visto que, os supervisores estavam
condicionados a uma política tradicional do sistema antigo, sabe-se que em
algumas escolas eram os supervisores que administravam a instituição. Durante
muitos anos os supervisores eram vistos como controladores das ações dos
professores (esta ação controladora será discutida mais adiante). Entretanto,
nos dias atuais alguns agem assim pelo poder que lhe cabe, porém, a democracia
se expressa como condição fundamental para que a organização escolar se traduza
em um ato coletivo atuante. Com a nova política do século XX, a participação
democrática constitui uma forma significativa de promover maior aproximação
entre os membros da escola reduzindo a desigualdade entre eles.
Busca-se então, neste novo
cenário um supervisor voltado para as políticas inerentes às novas propostas de
ensino estabelecidas pelo Ministério de Educação. Assim sendo, Scapin (2008, p.
22) justifica que: No período da democratização, a volta ao estado de direito
foi lenta e progressivamente mostrando um viés novo para a compreensão de
antigos problemas. Ao momento de crítica e revisão do processo político
brasileiro se somou uma visão crítica da educação, da escola e da atuação de
professores no sistema escolar brasileiro.
Ainda de acordo com a
autora, os teóricos nos direcionam a pensar que as questões concretas que
influenciaram a prática escolar não nasceram dentro delas (escola), mas,
alimentam-se da sociedade como um todo. Entretanto, os processos educativos não
são apenas implantados num determinado espaço – a escola está necessariamente
envolvida com o contexto que a cerca, nesse contexto o supervisor pedagógico
esta compreendido num conjunto de elementos que incluem o social, o político, o
econômico, o histórico, o cultural. Enfim, o supervisor precisa compreender a
estreita relação entre as práticas sociais e a sua prática escolar.
Fonte:http://2012faveni.files.wordpress.com/2012/05/o-papel-do-supervisor-escolar-e-sua-ac3a7c3a3o-pedagc3b3gica-nas-sc3a9ries-iniciais2.pdf
Sem comentários :
Enviar um comentário