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sexta-feira, 20 de maio de 2016

A REFLEXÃO PEDAGÓGICA

Qualquer atividade educacional que se queira intencional e eficaz tem claros os pressupostos teóricos que orientam a ação. Ao elaborar leis, fundar uma escola, preparar o planejamento escolar ou enfrentar dificuldades específicas em sala de aula, é preciso ter clareza a respeito da teoria que permeia as decisões. No entanto, é comum observarmos o "espontaneismo", resultado da devida dicotomia entre teoria e prática, porque o professor não foi adequadamente informado a respeito da teoria ou porque não sabe como integrá´lo à prática efetiva. 

Vejamos alguns exemplos: uma escola de ensino médio que oferece, a cada semana, dez aulas de química, uma de história e nenhuma de filosofia; uma sala de aula para crianças em que as carteiras estão fixadas no chão; um professor que prefere estimular pesquisas em grupo e outro que privilegia a exposição oral; alguém que lamenta o fato de não se ensinar mais em latim no colégio; um professor que exige leitura extra-classe, uma que faz a chamada oral com frequência e outro que dá pouca ênfase às avaliações.

Todos esses aspetos resultam de concepções -tematizadas ou não- que colocam primeiramente, as seguintes questões: Que tipo de pessoa se quer formar? Para qual sociedade? A partir da da elucidação da base antropológica, passamos para a seleção de conteúdos a serem transmitidos: O que ensinar? Só então se colocam questões metodológicas: como ensinar? Podemos concluir que a escolha e - quer o professor saiba, quer não, depende de determinada concepção de ser humano e de sociedade, concepção esta que não é neutra, por estar impregnada da visão política que a anima. 

Desse modo, os procedimentos específicos usados em sala de aula adquirem sentido a partir do esclarecimento dos pressupostos antropológicos e axiológicos bem como da sua coerência ou incoerência com o método e com o conteúdo escolhidos. 

Dependendo das respostas dadas a essas questões teóricas, podemos compreender as diversas propostas pedagógicas e as consequências delas para a práxis educativa, sejam da escola tradicional, sejam da escola renovada, da tecnicista, da libertária, e assim por diante. 

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3 ed. rev. e ampl. - São Paulo; Moderna 2006.  

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