Aula 4 - Filosofia
Sócrates
TEXTO COMPLEMETAR
Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito, e teve
suas idéias divulgadas por dois de seus principais discípulos, Xenofonte e
Platão. Evidentemente, devido ao brilho deles, é de se supor que nem sempre
fossem realmente fiéis ao pensamento do mestre. Nos diálogos que Platão
escreveu, Sócrates figura sempre como o principal interlocutor.
Mesmo tendo sido incluído muitas vezes entre os sofistas,
Sócrates recusava tal classificação, e opunha-se a eles de forma crítica. Sócrates se indispôs com os poderosos do
seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses da cidade e corromper a
mocidade. Por isso foi condenado e morto.
Costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços,
nobres ou escravos, preocupado com o método do conhecimento. Sócrates parte do
pressuposto "só sei que nada sei", que consiste justamente na
sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura
do saber.
Por isso seu método começa pela parte considerada
"destrutiva", chamada ironia (em grego, perguntar"). Nas
discussões afirma inicialmente nada saber, diante do oponente que se diz
conhecedor de determinado assunto. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas
até o outro reconhecer a ignorância. Parte então para a segunda etapa do
método, a maiêutica (em grego, "parto"). Dá esse nome em homenagem a
sua mãe, que era parteira, acrescentando que, se ela fazia parto de corpos, ele
"dava à luz" idéias novas.
Sócrates, por meio de perguntas, destrói o saber
constituído para reconstruí-lo na procura da definição do conceito. Esse
processo aparece bem ilustrado nos diálogos relatados por Platão, e é bom
lembrar que, no final, nem sempre Sócrates tem a resposta: ele também se põe em
busca do conceito e às vezes as discussões não chegam a conclusões definitivas.
As questões que Sócrates privilegia são as referentes à
moral, daí perguntar em que consiste a coragem, a covardia, a piedade, a
justiça e assim por diante.
Diante de diversas manifestações de coragem, quer saber o
que é a "coragem em si", o universal que a representa. Ora, enquanto
a filosofia ainda é nascente, precisa inventar palavras novas, ou usar as antigas
dandolhes sentido diferente. Por isso Sócrates utiliza o termo logos, que na
linguagem comum significava "palavra", "conversa", e que no
sentido filosófico passa a significar "a razão que se dá de algo", ou
mais propriamente, conceito.
Assim explica García Morente: "O que os geômetras
dizem de uma figura, do circulo, por exemplo, para defini-lo, é o logos do
circulo, é a razão dada do círculo.
Do mesmo modo, o que Sócrates pede com afã aos cidadãos
de Atenas é que lhes dêem o logos da justiça, o logos da coragem. (...) Pois
que é este logos senão o que hoje denominamos conceito"? Quando Sócrates
pede o logos, quando pede que indiquem qual é o logos da justiça, que é a
justiça, o que pede é o conceito da justiça, a definição da justiça".
ARANHA, Maria Lúcia Arruda de. Filosofando: Introdução á filosofia. São Paulo 1993.
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