Pesquisar neste blogue

Traduzir para outras idiomas

quinta-feira, 15 de maio de 2014

GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA

Antigamente a administração escolar era fragmentado, ou seja, cada um se responsabilizava apenas com a sua função, desconhecendo as demais dimensões educativas, a gestão democrática enfatiza a participação de todos os componentes da escola no processo educativo. Libâneo (2007, p. 308) afirma que:

Na maior parte das vezes, a realidade das escolas ainda é de isolamento do professor. Sua responsabilidade começa e termina em sala de aula. A mudança dessa situação pode ocorrer pela adoção de práticas participativas, em que os professores aprendam nas situações de trabalho, compartilhem com os colegas, conhecimentos, metodologias e dificuldades, discutam e tomem decisões sobre o projeto pedagógico curricular, sobre o currículo, sobre as relações sociais internas, sobre as práticas de avaliação.

 Práticas participativas que tornam a escola uma comunidade de aprendizagem, uma comunidade democrática, favorecendo o ensino e a reflexão, valorizando os elementos internos do processo educativo, tendo consciência de que cada elemento possui sua parcela de responsabilidade, individual, bem como a implicação do trabalho coletivo.

 Neste sentido Libâneo (2007, p. 326) destaca que.
 […] a gestão democrática, por um lado, é atividade coletiva que implica a participação e objetivos comuns, por outro, depende também de capacidades, responsabilidade individuais e de uma ação coordenada e controlada.

Sendo a escola, um ambiente social, formado por diferentes sujeitos, das mais variadas opiniões e comportamentos, é proveniente esclarecer que “uma escola democrática não é aquela em que todos fazem o querem, mas sim aquela em que todos fazem o que é bom para todos” (Oliveira, 2008, p. 98).

Nesta mesma linha de pensamento, Cury (2008 apud OLIVEIRA, 2008, p.17), compreende a Gestão democrática como principio da educação nacional, presença obrigatória em instituições escolares, é a forma não-violenta que faz com que a comunicação educacional se capacite para levar a termo um projeto pedagógico de qualidade e possa também gerar “cidadãos ativos” que participem da sociedade como profissionais compromissados e não ausentes de ações organizadas que questionam a invisibilidade do poder.

 Desta forma, fica clara a necessidade de mudanças urgentes na escola, para que esta possa formar cidadãos competentes e ativos. Neste sentido a educação exige esforços redobrados, e uma maior participação da comunidade no ambiente escolar, levando em conta que o mais importante não é somente o repasse de conteúdos específicos a fim de elevar o nível escolar, mas sim o preparo dos indivíduos para a sociedade e para exercício da cidadania.

 Ferreira (2008, p. 306), entende a gestão democrática como:  
[...] gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, é direção. Relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel. Constitui-se de princípios e práticas decorrentes que afirmam ou desafirmam os princípios que a geram. Este princípios, entretanto não são intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica, mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação se destina à promoção humana.
  
 Diferente da organização empresarial a escola deve considerar que o seu trabalho envolve diretamente o lado humano, e mesmo que o atual sistema necessite de mão de obra qualificada, a instituição não deve fugir do seu foco principal, ou seja, a construção da cidadania.  Dentre os autores que analisam a gestão educacional, Dourado (1998, apud FERREIRA, 2008, p.304), traz uma definição de Gestão educacional, que se torna proveniente enunciar.

[...] a gestão democrática é um processo de aprendizado e de luta política que não se circunscreve aos limites da prática educativa, mas vislumbra, nas especificidades dessa prática social e de sua relativa autonomia, a possibilidade de criação de canais de efetiva participação e de aprendizado do “jogo” democrático e, conseqüentemente, do repensar das estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais e, no seio dessas práticas educativas.
  
A participação é entendida como o principio primordial, para garantir, um pleno desenvolvimento da gestão democrática, como afirma Libâneo (2007, p. 328)

A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.

 Diante dessa afirmação, podemos comprovar que para a implementação da gestão escolar, é necessário a participação de todos os envolvidos na escola, bem como professores,funcionários e a própria comunidade, construindo assim uma escola mais competente e compromissada com a sociedade. O mesmo autor considera que a participação é um meio de alcançar os objetivos educacionais esperados, mas adverte que é necessária a combinação entre a participação e ação, para obter o resultado esperado.

 Dentro da gestão democrática, a participação é para todos, mas é necessário enunciar que o diretor possui um papel relevante dentro deste processo, pois a tomada de decisão é coletiva, porém a realização desta ação cabe ao diretor, o qual é o representante formal da instituição.

 A Gestão Democrática é considerada atualmente “uma das ou a melhor” forma de organização educacional, explorando a participação, democratizando seu ambiente e relevando todos os seus aspectos subjetivos.

A gestão democrático-participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo e aposta na construção coletiva dos objetivos e do funcionamento da escola, por meio da dinâmica intersubjetiva, do dialogo, o consenso. (LIBANEO, 2007, p. 344)

 Para tanto, a escola entende a Gestão Democrática, como uma forma de renovar seus princípios e fazer com que o processo educacional desenvolva-se da melhor maneira possível. Em qualquer instituição formada por diversos elementos, é necessária uma figura que detenha a liderança, que direcione o processo e que coordene a situação, por mais que se opte pela democracia.

 LIDERANÇA: relações de poder e autoridade
Compreendendo a liderança como “a capacidade de influenciar, motivar, integrar e organizar pessoas e grupos, a fim de trabalharem para a consecução de objetivos.” (LIBANEO, 2008, p.396), podemos concluir que na escola não é diferente. Formada por diversos elementos, a instituição necessita de um individuo que coordene o processo educativo, proponha sugestões, e exponha os problemas encontrados.
 Pode-se adotar a reflexão feita por Thurler (2001, p. 146), que entende que a liderança consiste em:

[...] propor óticas mobilizadoras; determinar os eixos de desenvolvimento; conceber as estratégias de mudança; preocupar-se com o que, chamamos de “apostas confusas” entre valores e crenças; estabelecer as condições necessárias para que o sentido da mudança possa ser construído, coletiva e interativamente; ao passo que a gestão, apanágio da autoridade formal, consiste em ocupar-se das tarefas terra a terra – indispensáveis – para fazerem um estabelecimento escolar “funcionar”.

 Configurando assim, princípios da Gestão Democrática, dotado de suas concepções e especificidades, aspectos os quais, são considerados como formadores da “liderança cooperativa”, a qual envolve a capacidade de comunicação e de relacionamento com as pessoas, princípios básicos para compreender as características sociais, culturais e psicológicas do grupo.

 Portanto, pode-se encarar a liderança como forma de trabalho coletivo, na qual é preciso saber escutar; saber expor com clareza suas idéias; capacidade organizativa (saber definir um problema, propor soluções, atribuir responsabilidades, coordenar o trabalho, acompanhar e avaliar a execução)14  Thurler (2001, p. 144), enfatiza a importância da adoção da liderança dentro do ambiente escolar, evidenciando que “Aceitando a liderança, também apOiam mais nuanças, rejeitam mais a burocracia e os “chefinhos”, fazendo diferenças de acordo com as fontes de legitimidade, os modos de exercício, o grau de controle democrático e o caráter reversível da liderança”. A liderança como meio de estrutura interna da escola, vem sendo teoricamente bem aceita, mas na prática, não é marcante sua popularidade no termo de implementação. Muitos entendem sua importância, seus benefícios, contudo sua rejeição ainda é notável. Isso se dá devido à falta de conhecimento de alguns profissionais da educação sobre o que é liderança, que ao desempenharem seu papel de líder acabam abusando do poder confundindo autoridade com autoritarismo.

 Na instituição escolar, há um grande bloqueio por parte de seus componentes, quando se fala em poder, essa idéia os remete a um pensamento negativo, entendendo-o como forma de repressão.

Na escola, a referência ao poder perturba. Ela remete, fantasticamente, à idéia da potência absoluta, da violência e, por via de conseqüência, à insubmissão, ao conflito, ao sofrimento, à avareza afetiva e mental (Dejours, 1993 apud THURLER, 2001, p. 145)

 O mesmo autor, ainda identifica as implicações de tal forma de negação ao poder, ocasiona nas atitudes dos professores e responsáveis da escola, afirmando que tal reação, “leva quase sempre os professores e os esponsáveis das escolas a recusar, ocultar ou tornar irrisória a palavra e a idéia de “poder”. No entanto, ele está bem presente na escola e produz sua quantidade de dominação, de conflitos, de violência surda e invisível. (THURLER, 2001, p. 145).

Os coordenadores desconhecem o principal objetivo da liderança, causando assim um desconforto no ambiente escolar. Liderar é conduzir é motivar, os liderados para que contribuam voluntariamente a fim de alcançar os objetivos em prol de um grupo ou uma organização, no entanto o poder ainda é visto como símbolo de autoritarismo e não de autoridade como deveria ser.

 Para tanto, torna-se evidente a posição de Ledesma e Nascimento (2008, 15p. 284) quando enuncia que “não existe poder, mas sim relações de poder”.  Relações de poder que podem vir carregadas de autoridade ou autoritarismo, relações baseadas em burocracias ou sob aspectos democráticos,

que visem a ampliação do desenvolvimento do processo educativo. Thurler (2001, p. 145) expõe que há a necessidade de se romper com concepções errôneas diante das relações educacionais.

 Mas como nossa história traz a burocracia como forma de organização, é difícil a aceitação por parte dos dirigentes, eles rejeitam a idéia de compartilhar autoridade, entendendo que esta será diminuída e a sua figura como o “chefe” da instituição será ofuscada.

Não é fácil aceitar a idéia de negociar e renegociar as relações de autoridade referindo-se mais aos objetivos comuns e às competências profissionais do que às hierarquias formais. (THURLER, 2001, p. 146)

 Ledesma e Nascimento (2008, p. 292- 293) alerta com os cuidados que se deve ter em relação à concepção de autoridade, tendo noção das conseqüências em abrir mão da autoridade dentro do ambiente escolar, pois na escola  

[...] a autoridade está revestida de autoritarismo e, conseqüentemente, impõe controles, força rotinas e mantém ordens que instituem a prática do conformismo, fazendo com que o poder pareça algo estático, onde uns o detêm e outros a ele se submetem.


 Nesse momento, torna-se oportuno a definição de autoridade, “direito ou poder de fazer-se obedecer dar ordens, tomar decisões, agir”. No âmbito escolar, tal definição é logo percebida, pois na escola, por outro lado o autoritarismo faz com que, as relações sejam baseadas em princípios de hierarquia, insubordinação, tendo o colega como um súdito, que deve obedecer as ordens
sem questionar. “O autoritarismo expresso na forma de organizar o trabalho, contido no regulamento, deixa clara a máxima de que disciplinar é domesticar.” (LEDESMA e NASCIMENTO, 2008, p. 295)16
Tornando assim, os educadores, como meros transmissores deSconhecimento, não possibilitando a auto-identificação como formadores de opiniões e de caráter. Portanto, uma forma democrática de organização escolar, abre caminhos para o verdadeiro exercício da democracia na sociedade. Formando cidadãos conscientes e ativos perante sua realidade.

Podemos concluir que com o atual contexto educacional fica evidente que o poder atribuído a alguns cargos de direção e/ou coordenação do trabalho pedagógico, acabam por influenciar as relações com os demais sujeitos no âmbito escolar, ou seja, professores e alunos, caracterizando na maioria das vezes, um ambiente hierárquico, onde as decisões e sugestões são desempenhadas apenas por sujeitos previamente escolhidos ou nomeados, que possuem o poder da decisão e da palavra, não aceitando ou até mesmo ignorando as sugestões dos demais interessados na escola. Isso faz com que professores e alunos, não tenham conhecimento sobre as contribuições e nem perceba as necessidades que a escola apresenta.
Fonte: 
http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcoloquio/eixo_04/E4-48.pdf
http://www.arturmotta.com/wp-content/uploads/2013/10/escola-e-paradigmas-de-gestao.pdf
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista/article/viewFile/616/499


Sem comentários :